Como montar seu primeiro Micro-SaaS

Conheça uma metodologia para ter ideias para montar seu primeiro Micro-SaaS

Bruno Okamoto
13 Min de leitura
Ideias e nichos: como montar seu primeiro Micro-SaaS

Neste artigo, vou compartilhar algumas experiências pessoais e de outros indie hackers sobre algumas ideias de como achar um mercado e um problema para resolver.

Como montar um Micro-SaaS

1. Faça um brainstorming de ideias a partir do seu próprio dia a dia

As soluções em Micro-SaaS são por essência solucionadoras de problemas pontuais. Para encontrar estes problemas, seu foco inicial deve ser no seu dia a dia, por exemplo:

– Quais processos poderiam ser otimizados?

– Como você pode realizar uma atividade específica em menos tempo?

Outra forma para investigar uma boa solução é a seguinte: pense nos seus desafios pessoais e profissionais ao longo do dia.

– Eles poderiam ser mitigados através da tecnologia que você já conhece?

– O que você consegue perceber como um gap de mercado?

– Que etapa do processo é ineficiente e você poderia melhorar?

– Existe algum processo repetivivo que daria para ser automatizado?

– Como facilitar a atualização?

– Tudo isso poderia ser copiado facilmente?

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Especialistas como Arvid Kahl sugerem: pesquise dentro do seu próprio nicho de atuação. Os melhores produtos são aqueles que existem dentro do que você já domina e ainda não adotaram tecnologia suficiente.

Aí então deve estar o seu foco. Treine o seu olhar para deixá-lo afiado e poder enxergar possíveis falhas a serem sanadas. Outro ponto importante: não foque em apenas uma ideia. Tente extrair o máximo de ideias possíveis para serem avaliadas posteriormente.

Nesta etapa, a quantidade importa mais do que a qualidade das suas ideias.

Organize-se e anote-as de forma que você possa manter a inspiração fluindo ao longo do dia.

2. Como descobrir se a sua ideia é boa

Após o brainstorm, chegou a hora de avaliar se as suas ideias são boas ou não. Para isso, os seguintes critérios devem ser levados em conta:

– As pessoas já pagam por este tipo de serviço? Se não pagam, reavalie se a ideia é boa. Tentar criar uma frente nova no mercado pode ser muito caro. Sua solução é 5x melhor ou 5x mais barata? Fica a reflexão.

– Como eu vou conseguir os meus primeiros 25 clientes pagantes? Se a sua ideia de produto não trouxer uma solução simples e rápida, com clareza na execução, ela não é boa. No caso do MeuGrupo.VIP do Jonatan Fróes a estratégia foi fazer um lançamento com plano anual com desconto e depois colocar Google Ads para fim de funil. Validando seu MVP e o interesse do mercado.

– Esta ideia pode ser facilmente copiada? Aí está um ponto delicado. Sua ideia deve ser simples, mas não a ponto de entregar uma pesquisa de mercado completa de bandeja no colo do seu concorrente. Se você acha que, em uma semana, seu concorrente poderia escrever um software similar ao seu, talvez não seja o melhor projeto. A barreira de entrada é muito baixa. E provavelmente, você deve se perguntar: se é tão fácil entrar neste mercado, porque não tem ninguém nele agora? A resposta pode te surpreender.

– Você é a pessoa certa para construir este software? Lembre-se que sua ideia pode dar certo ou não. Tudo depende da sua dedicação ao projeto. Não dá para inventar a roda. Você precisa fazer o que pode com o que tem em mãos. O jogo do Micro-SaaS é o jogo do longo prazo, e o tempo é seu maior aliado. Mas esse projeto, precisa te dar satisfação na jornada do desenvolvimento e validação.

Fazer este exercício te ajudará a desapegar inicialmente das ideias ruins, ganhar tempo e focar no que realmente importa: demandas que podem te trazer renda passiva no curto prazo. O conselho mais importante que deixo aqui: entreviste bastante pessoas com a dor que você quer resolver.

3. Dicas estratégicas para facilitar o seu trabalho

Chegou a hora de colocar a cabeça pra pensar no seu futuro negócio.

– Como fazer uma solução mais barata para meus clientes?

– Como posso criar uma solução melhor do que as que já existem e são monetizadas? 

Outra forma de agregar ainda mais valor ao seu trabalho seria criar uma audiência, uma comunidade, um local para troca de ideias que facilite seu recebimento de feedback.

Posso citar 2 exemplos aqui: Primeiro a própria comunidade do Micro-SaaS. Montar um grupo de pessoas unidas por um propósito é extremamente importante para colher feedbacks e entender mais o mercado. Outro caso é novamente o do Jonathan Fróes. No caso, ele montou um grupo de Whatsapp para divulgar o roadmap do produto que acabou se tornando um pilar importante no crescimento do seu Micro-SaaS e feedbacks dos usuários.

Quanto mais próximo for o seu contato com seus futuros clientes, mais aumentam as suas chances de criar um produto forte e sustentável. Isso é um fato. O contato direto com o consumidor te mostra as atualizações necessárias de acordo com a necessidade latente que eles possuem.

De acordo com Pieter Levels, você nunca sabe onde a sua ideia acaba, e o contato constante com uma comunidade te coloca nos eixos, evitando criar itens desnecessários. Esta é, disparado, a melhor forma de pesquisar as dores e demandas e levá-las rapidamente ao seu produto.

4. Vá além das ideias

Tom Zaragoza nos traz uma abordagem diferenciada e curiosa. Ele nos convida a não focar somente em ideias, mas em procurar problemas reais para resolver. De acordo com ele, este exercício é um grande gerador constante de boas ideias. Veja um exemplo:

– Escolha uma loja e uma categoria (pode ser Apple store, Google store, Chrome store, etc).

– Dentro da categoria, procure produtos com mais downloads e reviews ruins.

Avalie os comentários e você encontrará uma imensidão de problemas com demandas urgentes a serem resolvidos.

Lembre-se: se um usuário investiu o tempo dele numa review ruim, é porque aquele ponto é realmente importante pra ele.

Uma pequena mudança na forma de pensar um problema pode ser de grande ajuda ao longo do processo.

5. Sua ideia não precisa ser gigante

Como diz Pieter Levels, não precisa ser “earth-shattering”. Pieter diz que o melhor projeto é aquele que nasce pequeno de algo pequeno. E aos poucos, começa a crescer e naturalmente ir crescendo de mercado. Outro ponto é que você não sabe onde você vai acabar. A máquina precisa de feedbacks constantes dos seus usuários para você construir o que as pessoas querem ou não querem. Isso não surge simplesmente de uma ideia. Você precisa começar pequeno.

6. Complexidade de produto

De acordo com Preetam Nath, como estamos pensando em Micro-SaaS, e consecutivamente um negócio pequeno de uma ou duas pessoas, vai ser muito difícil construir um super produto. O ideal é que seja algo atingível dentro dos seus recursos. Se seu MVP demorar mais de 2 a 3 semanas para construir, você provavelmente está no caminho errado. Se seu MLP (produto mínimo amável) demora entre 4 a 8 semanas para desenvolver e você ainda não tem clientes pagando, você talvez precise repensar sua ideia e seu projeto.

7. Soluções de nicho de grandes mercados de empresas de SaaS

Entrar em um mercado existente e encontrar uma oportunidade para ganhar clientes é uma excelente alternativa. Existem grandes empresas que possuem funcionalidades que deixam seus usuários frustrados. Às vezes, se você construir uma solução melhor em cima de um mercado já existente. Também, você pode pegar um produto com uma interface desatualizada e construir uma interface mais intuitiva, se focando em resolver um problema ou dois com uma bela interface.

8. No Brasil, gosto da ideia de “produtizar” serviço

Enquanto tecnicamente não é um Micro-SaaS, eu acho fascinante a ideia de você produtizar serviços através de receita recorrente. É claro que todo objetivo do Micro-SaaS, desde a essência do seu nome, é sobre Software como serviço, mas no Brasil se você encontrar serviços que são frequentes e fáceis de entregar e montar uma empresa em cima. Design é um grande exemplo. No Brasil existem dois exemplos disso: Hubee e Hubify.

Indie Hackers por trás destas dicas sobre Micro-SaaS

Tyler Tringas

Tyler Tringas criou uma abordagem chamada “o moedor de carne” – The Meat Grinder.

Segundo ele, ter ideias é a parte mais fácil do processo. A parte difícil é saber se elas são boas ou não. E como você descobre isso? Justamente aplicando as perguntas que você aprendeu aqui ao longo do artigo.

Portanto, crie o exercício de instigar, anotar e desenrolar os detalhes das ideias numa espécie de brainstorm inicial. Afinal, quanto maior a quantidade de ideias que você puder gerar, menos tempo você perde dando muita importância a uma ideia ruim.

Arvid Kahl

Já Arvid Kahl nos dá outra dica de ouro: encontre um grupo de interesses do qual você faça parte. Ex: amantes de café, praticantes de corrida, leitores ávidos, etc.

Pense agora em como este mercado poderia se beneficiar de uma transferência de tecnologia.

São detalhes da rotina que podem ser otimizados se você mantiver o olhar cuidadoso e o ouvido atento às demandas deste grupo.

Pieter Levels

Já Pieter Levels é o criador da metáfora “Scratch your own itch”, ou “faça o que precisa ser feito”. Ele nos diz que as ideias não precisam ser gigantes, ou “earth shatering”.

O melhor projeto é aquele que nasce pequeno e simples. Aos poucos, cresce naturalmente. Se você tentar solucionar um problema grande demais, provavelmente investirá muito tempo numa solução que será cara. Este tipo de problema provavelmente já está sendo sanado por alguma empresa milionária. Mantenha o seu foco em problemas pontuais, raros e nichados. Eles são a escolha mais acertada para o seu futuro negócio.

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