Marketing Side Project como Micro-SaaS

Transformando a newsletter em um ecossistema de empreendedores

Construir uma newsletter e montar um ecossistema inteiro em torno dela é um feito maravilhoso. Fiz vários experimentos e resolvi transformar este projeto em um artigo.

Vou começar este post falando sobre como montei a newsletter Nova Economia do Micro-SaaS, como validei meu público alvo, e qual é a proposta de valor do meu conteúdo – além de alguns growth hacks de como fui escalando a news com o tempo.

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Uma das minhas metas neste projeto é seguir com a construção do #BuildInPublic e deixar transparente todo o projeto que estou montando. Espero que isso te incentive de alguma forma a lançar seu primeiro Micro-SaaS.

Então, este artigo tem o objetivo de te ensinar (e inspirar) a montar seu Marketing Side Project. Isso é uma excelente ferramenta para você gerar presença na internet, gerar tráfego para seus Micro-SaaS e autoridade em um determinado tema.

Desde quando lancei a newsletter Nova Economia do Micro-SaaS, fiquei estudando sobre meu público (entrevistando +100 pessoas), sendo que o resultado dos meus estudos está na comunidade, com quase 1.700 membros em 10 meses de existência no Telegram, e + 550 membros no nosso fórum lançado em menos de 2 meses!

A partir daquele momento, decidi monetizar o ecossistema e, para fazer isso, venho construindo alguns produtos. A grande maioria estou construindo em parceria com outros empreendedores – porque, quando somamos esforços pelo mesmo propósito, nosso público se beneficia em dobro.

Customer discovery e o primeiro sistema de monetização (#GrowthHack)

A ideia foi simples: colocar uma “doação” como um investidor para me ajudar a construir o ecossistema de Micro-SaaS. O valor mínimo era de R$5 reais. Lancei esse projeto logo no início e, para minha surpresa, teve mais de 20 pagantes já no começo, e aos poucos a média se estabilizou em 8% de todos os leitores.

Para todo mundo que pagava, eu disparava um email automático através do Zapier + Gmail agradecendo pelo investimento, e enviava um link de agenda para bater um papo.

Depois de +80 entrevistas, já estava mais do que claro quem era minha persona e suas expectativas. Então, decidi mudar o discurso, deixando como uma “doação para me ajudar a montar o ecossistema”.

Desde então, o MRR (fat. recorrente mensal) já passou de R$1k e vem descendo em uma taxa divertida de acompanhar.

Canal de distribuição (#GrowthHack)

Quando lancei a newsletter Nova Economia do Micro-SaaS, testei vários canais de distribuição depois que já tinha uma mínima ideia de quem era minha persona. Eu sabia que para criar autoridade no canal eu precisaria ter paciência e cadência… E assim foi. Selecionei alguns grupos e comecei a postar conteúdo e pedir feedback dos membros toda semana, religiosamente. Isso ajudou bastante nos primeiros meses a gerar novos assinantes para a newsletter.

Alguns grupos trouxeram bom retorno nos meus testes iniciais. Grupos de SaaS e de Bubble tiveram maior engajamento, enquanto de Startups e empreendedorismo tiveram um engajamento bem menor.

Como todo bom empreendedor cara de pau, os grupos que escolhi postar conteúdo já tinham uma figura de autoridade, e para ser visto por ela precisava ter cadência e qualidade nos meus conteúdos.

Esses resultados me levaram a oportunidades de conseguir entrevistas com eles no YouTube e isso alavancou o crescimento da newsletter e impulsionou bastante o SEO. Isso ajudou e ajuda muito -além de gerar amizades, com vários projetos no forno.

Curiosidade rápida

Agregar parceiros com indicações de leitura da sua newsletter é uma forma incrível de ajudar outros empreendedores (que produzem bons conteúdos) a alavancar seus projetos. Considero isso um “give back” sem esperar nada em troca.

Quase 50% dos meus subscribers da minha newsletter Nova Economia do Micro-SaaS a assinaram de um parceiro. Incrível, né?

Newsletter no LinkedIn (#GrowthHack)

Uma coisa interessante é que quando decidi começar a newsletter eu ia fazer 100% através do sistema de news do LinkedIn.

E o bacana é que quando você lança uma news por lá o sistema envia um invite da sua nova newsletter para todos os seus contatos (que tem ativadas as notificações de newsletter). Se você tiver uma boa credibilidade (ex: já produz conteúdo) ou o conteúdo tiver tudo a ver com sua rede, existe uma grande chance de o pessoal topar seguir a news.

No caso, eu fiz uma pequena e rápida pesquisa na rede social.

E resolvi lançar a newsletter Nova Economia do Micro-SaaS lá. Para minha sorte, tive 3.7k de inscritos de cerca de 18 mil seguidores de largada. Após 10 meses, minha news já havia subido 1k organicamente – o que me deixou muito motivado em continuar postando lá.

O desafio do Linkedin é que ele não me dá acesso aos emails das pessoas inscritas na newsletter. Fica difícil eu trabalhar sem ter os emails e métricas mais sólidas do conteúdo. A solução? Manter a newsletter fora da plataforma, e colocar CTA (calls to action) nos artigos para trazer as pessoas para minha newsletter.

Mais uma coisa muito interessante é que o Linkedin tem um sistema poderoso de SEO. Ele traz muito mais impressões de conteúdo do que o Substack, mas, a conversão para a newsletter é muito baixa (provavelmente por conta do meu público alvo do Linkedin).

Canal de distribuição para uma demanda reprimida

Com o crescimento da newsletter Nova Economia do Micro-SaaS, da comunidade e da visibilidade das entrevistas no YouTube, muitas pessoas começaram a pedir outro canal.

O desafio de criar conteúdo, além da cadência, é o exercício constante de criatividade com foco. Cada artigo da newsletter Nova Economia do Micro-SaaS demandava tempo – entre estudo e escrita preciso de 2 a 5 horas por artigo. E um canal no YouTube + edição, para quem nunca fez um na vida, quanto demanda? Ainda assim, resolvi ir lá e fazer para descobrir.

Desafio aceito – lancei mais um canal de topo de funil para atingir uma demanda não reprimida. Precisei correr para me organizar com a rotina e com os novos desafios dessa curva de aprendizado.

Não dá para esquecer do principal: curtir a jornada e não deixar o trabalho invadir seu espaço pessoal, de sua saúde, de sua família e de seu lazer.

Construir um Marketing Side Project pode te trazer vários benefícios, validar negócios e construir audiência/autoridade (e até uma comunidade) em torno de um tema (ou de você).

Então, além de ser um excelente experimento pode te ajudar a criar bastante tráfego para seu Micro-SaaS e visibilidade. Um dos caminhos para começar pode ser, por exemplo, fazendo #BuildInPublic.

Em 2021, 35 mil pessoas visitaram um website chamado “How to say no” em 24 horas. A ideia? Uma coletânea de templates de emails que ensinam a dizer “não” em várias situações que foi viral.

Em menos de 2 semanas, mais de 106 sites fizeram backlinks do artigo, o que gerou maior autoridade para o site, além de ter ficado em primeiro lugar no Product Hunt, no Hacker News e no Reddit (40k upvote). Foi o sucesso de um projeto viral.

Essa estratégia foi apenas uma das várias utilizadas por Pat Walls – empreendedor por trás do Starter Story que gera +1.5M viewers no seu blog.

A ideia de Pat Walls era usar o Starter Story como um Marketing side project para seu Micro-SaaS TryPigeon (extensão do Chrome para Gmail), mas, acabou construindo um negócio que fatura 1M por ano.

O que é Marketing Side Project na prática?

São pequenos produtos digitais (ou serviços) que têm a intenção de atrair consumidores para seu negócio. Não consegui descobrir quem foi o criador do termo, mas, o livro Traction, conhecido aqui na comunidade Nova Economia do Micro-SaaS, aborda sobre essa estratégia – mais especificamente no capítulo 11, quando os autores falam de Engenharia como marketing, e citam exemplos de várias ferramentas, como calculadoras, widgets, sites educacionais, bases de conhecimento, etc.

Uma coisa que aprendi sobre esses projetos de atração de consumidores é que eles não podem ter foco direcionado para sua própria base, e tampouco podem ter o foco de gerar receita. Isso porque, no final do dia, o objetivo é sempre atrair novos clientes fazendo o menor esforço e gerando um maior resultado de aquisição, como na história de Pat Walls.

Exemplos de Marketing Side Project

Produtos físicos

Livros, ebooks, etc. – empresas utilizam isso para distribuir conteúdo em lugares/para públicos estratégicos;

Ferramentas de conversão

Um Marketing Side Project famoso na internet de conversão é o Kapwing, que serve como edição de vídeos online. Lançaram uma ferramenta gratuita para converter vídeos em MP3, GIF, MP4 ou JPG;

Checklists

Listas online ou para download para gerar leads;

Templates

Excel, Google Sheets, arquivos em PDF, etc. – estratégia super comum;

Jogos

Aqui no Brasil, ainda há poucas empresas utilizando essa estratégia, mas, lá fora, é bem conhecida. Algumas empresas fazem isso para gerar tráfego “viral” na base de compartilhamentos;

Diretórios e agregadores

Várias ferramentas de marketing utilizam essa estratégia. Na verdade, ela é muito comum por aí – consolidar informação tem muito valor quando vivemos em um mundo sobrecarregado de conteúdo;

Outro exemplo bacana é o Open Startups do Baremetrics, em que você conecta sua conta do Stripe e pode deixar todas métricas do seu Micro-SaaS públicas – famoso #BuildInPublic;

Calculadoras

Normalmente são rápidas, fáceis de fazer, e geram uma boa quantidade de leads. Um exemplo famoso é a How much to make an app, que viralizou uns anos atrás;

Quiz

Estratégia super comum também para gerar engajamento com as pessoas. Seja um quiz para saber algo sobre você, sobre uma empresa, etc.;

Ferramentas e aplicativos

Deixei por último o caminho mais conhecido pelos Indie Hackers para gerar lead, que é construir um Micro-SaaS especificamente para isso.

Essas são algumas ideias. Existem dezenas de outras sugestões para você fazer um Marketing Side Project, como, por exemplo, a criação da newsletter que citei no início do texto.

Estudo de caso de um Micro-SaaS gringo

Na lista acima, citei a Kapwing e seu projeto de ferramenta de conversão gratuita para a geração de leads para sua ferramenta principal.

Há alguns anos, a Kapwing era como qualquer Micro-SaaS, sem financiamento, sem muitos clientes e sem muita verba para crescer seu projeto, além da dedicação dos empreendedores Julia Enthoven e Eric Lu.

Eles haviam testado vários caminhos – coldemails, Google Ads, Facebook Ads, postar em vários grupos do Facebook, etc. – mas a tração do produto era muito lenta. Desses aprendizados, os empreendedores tiraram uma lição importante.

We learned that, for our product, SEO is king (Aprendemos que SEO é o rei para nosso produto)

Julia Enthoven

Então, eles começaram a fazer alguns experimentos para gerar SEO. A ideia deles era simples:

1. Construir um Marketing Side Project;
2. Hospedar no seu próprio domínio (falo mais disso no final do artigo);
3. Conseguir mídia e atenção do público.

De forma resumida, ao conseguir exposição na mídia automaticamente conseguiriam mais backlinks para sua página. Por estar tudo hospedado no mesmo domínio, isso faria com que o Google rankeasse melhor sua página.

Construindo visibilidade com o seu Micro-SaaS no Brasil

A ideia de Julia e Eric me fez lembrar muito da jornada com a minha empresa EUNERD. Nossa principal estratégia de fortalecimento de branding e exposição de marca foi atração de mídia.

O que fiz foi montar uma lista e me relacionar com centenas de jornalistas, além de abordar friamente alguns por email.

Voltando aos founders da Kapwing, eles lançaram mais de 10 Marketing Side Projects que geraram para eles esse tráfego imenso (2M+/mês), além de vários backlinks – mais de 106 em 15 dias!

A lição que podemos tirar desse estudo de caso é que criar Marketing Side Projects é algo que não demanda muito tempo e esforço, mas, sim, bastante criatividade e curiosidade em descobrir qual canal funciona melhor para ser visto.

Diferença entre Produto e Audiência

O desafio de construir um Marketing Side Project é saber se você quer montar um projeto para gerar lead ou para crescer audiência. É muito importante que você entenda isso antes de construir o seu.

• Produto: No caso dos projetos orientados ao produto, você faz um projeto pensando em trazer leads com alguma dor, imaginando que em algum momento da jornada a dor possa ser resolvida com seu projeto principal. Enquanto isso não é necessário, o Marketing Side Project é usado para você captar o lead e ir esquentando o projeto principal.
• Audiência: Neste caso, você atinge pessoas que não tem necessariamente uma dor, ou não estão buscando por uma solução. Um exemplo é o Shopify, que construiu uma ferramenta para criar logos de graça. Quem cria logo não vai necessariamente montar uma loja virtual.

Além disso, eu recomendo que você faça o projeto pensando em uma boa e clean UX. Isso vai ajudar muito na credibilidade do projeto.

Outra dica que eu dou é sobre o uso do domínio. Se você usar um domínio com com a exata descrição do projeto, pode existir uma chance de o Google rankear melhor seu projeto. Por exemplo: em todo post eu escrevo Micro-SaaS no título e, hoje, o Google nos colocou em primeiro lugar da pesquisa com vários artigos.

Para começar nessa jornada, eu recomendo pegar um tema que você curta muito, caso não tenha um Micro-SaaS, ou, pesquise cases de Marketing Side Project lá fora e fazer um experimento (ou buscar referências em portais bacanas, como o Marketing Examples); construir o projeto com uma ferramenta no-code, ou até mesmo usando uma newsletter; lançar a ferramenta em várias redes sociais e procurar enviar para pessoas no LinkedIn ou para repórteres e, por fim, otimizar seu projeto: pegue feedbacks com amigos e com a comunidade de Micro-SaaS para deixar o SEO o mais aperfeiçoado possível.