15 Lições que aprendi construindo 3 Micro-SaaS em 12 meses
Em abril de 2022, comecei a escrever minhas teses sobre a nova economia do Micro-SaaS e, logo em seguida, dei start a nossa comunidade – que hoje já passou dos +3.000 membros.
Desde então, tive a oportunidade de conhecer centenas de empreendedores e empreendedoras incríveis, acompanhando de perto diversos lançamentos de membros comunidade e, ainda, pude lançar meus 3 projetos com parcerias incríveis.
Compartilho com vocês 15 grandes lições que eu tirei dessa trajetória dos últimos 12 meses.
Você precisa ser apaixonar pelo problema
A primeira lição que eu aprendi é que você precisa se apaixonar pelo problema que você está resolvendo.
Quando você tem uma paixão por cavar até resolver aquela dor, as chances de você desistir em algum momento do projeto diminuem bastante.
Se não houver paixão, qualquer tropeço no caminho, ou até mesmo a auto sabotagem (síndrome do impostor), tudo vira um motivo para engavetar o projeto. Aquela fagulha, a última faísca, aquele último fôlego só vem quando você realmente quer resolver o problema.
A sua resiliência se torna maior e você não desiste tão fácil.
Você não precisa saber muito para começar
Você não precisa saber de muita coisa para começar. Você não precisa saber desenvolver, você não precisa saber sobre vendas, você não precisa saber sobre marketing, e você não precisa de capital.
Hoje em dia, você tem centenas de formas de construir um Micro SaaS. Por exemplo:
- Terceirizar;
- Encontrar sócios na comunidade;
- Aprender no-code;
- Contratar freelancers.
Eu, por exemplo, não sou desenvolvedor. Produto sempre foi meu calcanhar de aquiles. Mesmo com essa barreira, consegui lançar 3 projetos com pessoas incríveis que conheci na comunidade.
Falta alguma habilidade ou não quer trabalhar sozinho? Encontre um parceiro(a).
Me perguntam: qual é a parte mais difícil?
A resposta é tão simples quanto a pergunta: começar.
Seu MVP não pode demorar mais de 2 semanas para ser desenvolvido
Se já faz mais de duas semanas que você desenvolvendo seu MVP, pare tudo! Dê um passo atrás, e reformule o que você está fazendo.
Quando se trata de Micro-SaaS, tem-se a ideia de resolver uma ou duas coisas muito bem para um nicho. Se o seu produto já tem muitas funcionalidades ou não é direcionado a um nicho, vai acabar caindo numa clássica briga de preço, de funcionalidades, de vendas, além da existir a dificuldade de encontrar seu ICP (ideal customer profile).
Mas, ser rápido e simples não significa que você não precise fazer um bom trabalho de UX/UI. Estamos em 2023, povo.
(+) conversar com clientes / (-) features
É isso mesmo. Falar com clientes na jornada de desenvolvimento do Micro-SaaS, até uma boa parte do crescimento do seu faturamento, é muito mais importante do que trabalhar em cima de novas funcionalidades.
Falar com os clientes traz inúmeros benefícios, tais como:
- Entender a proposta de valor do produto e, consecutivamente, melhorar as métricas, no geral;
- Conseguir montar um grupo próximo com seus principais clientes (evangelistas) e pegar seus feedbacks;
- Conseguir priorizar quais são realmente as funcionalidades que seu ICP precisa;
- Encontrar canais de aquisição com mais facilidade;
- + LTV / Retenção e menos suporte.
Sabe do Nubank? Pois bem, o roxinho tem como seu maior diferencial ser um banco com suporte humanizado. Esse atendimento se tornou parte do branding do Nubank.
A mesma visão se aplica ao conceito de Micro-SaaS. Não deixe de falar com os seus clientes, porque isso é a coisa mais importante que você pode fazer como dono de um Micro-SaaS.
Faturar desde o primeiro dia
Eu entendo que, dependendo do projeto, é desafiador achar um modelo de monetização na largada.
Nem todos Micro-SaaS têm benchmarks em que você pode se inspirar no modelo de preço, ou balizar um valor correto para cobrar.
Eu também entendo que há várias mudanças acontecendo no mercado, impactando, consequentemente, a dinâmica de precificação. Exemplo disso é a mais recente mudança do preço do Bubble (ferramenta no-code), passsando de fixo para variável, ou do ChatGPT. O ponto é que você precisa tentar um modelo de cobrança desde o MVP.
Se você, hoje, lançou um projeto e tem mil usuários conquistados em uma semana, mas, menos de 1% deles está disposto a pagar, terá um grande problema, porque seu custo e sua infraestrutura irão aumentar gradativamente, enquanto sua taxa de conversão está super baixa, e isso implica que talvez você não esteja descobrindo uma real proposta de valor do seu produto, ou, ainda, esteja surfando um hype, por exemplo, e não esteja vendo o que realmente importa no final do dia, que é o faturamento que o seu negócio vai gerar.
Cuidado com a ilusão de crescimento de usuários,
porque o que importa é faturar desde o primeiro dia.
Marketing e vendas são os maiores desafios de Go To Market
GTM é a parte mais difícil para quem está lançando o primeiro Micro-SaaS.
Para a grande maioria da comunidade, fazer o produto é a parte mais fácil, mas, lançar o Micro-SaaS cria um desafio adicional. Sinceramente, é difícil até para quem sabe de vendas e entende de marketing.
O desafio aparece quando você cria um produto de nicho e, ao lançar, se pergunta: mas qual é o melhor canal? Será que eu faço SEO? Será que eu faço tráfego pago? O que eu faço?
E a verdade é que você demora um tempo para descobrir exatamente em que lugar seu público está, em que as pessoas estão gastando, comprando. E, às vezes, você pode querer anunciar num canal pago, mas esse canal pago tem muita concorrência, então você tem que trabalhar mais topo de funil.
Ainda, acontece de você criar um Micro-SaaS religioso, por exemplo, e descobrir que a Meta não categoriza mais pessoas religiosas nos Ads, então você vai precisar se reinventar para entender como atingir seu público alvo.
Esse processo, como um todo, sempre vai ter uma curva de aprendizado. As pessoas que têm experiência passarão por uma curva menor, mas, esse aprendizado ainda é trabalhoso.
A lição que eu tiro dessa etapa é que, desde as entrevistas (customer discovery), você vá testando canais e descobrindo o máximo possível da rotina e hábito do seu ICP (ideal customer profile).
Consistência é a chave do sucesso
Todos esses aprendizados que venho trazendo neste artigo, e que estão em toda essa curva que você vai ter desenvolvendo seu Micro-SaaS, exigem consistência.
Consistência é você fazer diariamente aquela mesma atividade (não só as que você gosta, também as que não gosta) para melhorar seu negócio 1% todos os dias.
Lembre: construir um Micro-SaaS é um trabalho de consistência, execução. Se você se dedicar todos os dias 1 hora ao seu projeto, no final do mês você terá investido 30 horas. No final do ano, portanto, serão 360 horas.
Nada mais importa do que esses dois principais fatores no desenvolvimento do seu projeto.
Construir um Micro-SaaS é igual aprender um novo instrumento
No primeiro projeto, você vai aprender lições valiosas sobre validação. No segundo projeto, você vai melhorar e encurtar o tempo de execução. No terceiro projeto, você vai vender antes mesmo de ter a solução pronta. No quarto projeto, enfim, você vai fazer um lançamento internacional… e assim por diante. Entendeu o ponto, né?
Sempre que construir um Micro-SaaS, seja pela primeira, quinta ou décima vez, você vai aprender ou melhorar alguma coisa no processo. É igual aprender um instrumento novo – quanto mais você pratica, mais você melhora. É claro que a teoria ajuda, mas, a prática é quem dita o ritmo.
O seu ROI não é só financeiro, mas é também intelectual, de networking, de negócios. Isso vai muito além do que um retorno unicamente financeiro.
Micro-SaaS é um jogo de longo prazo
Quando você soma os fatores de resiliência, consistência, paixão pelo problema e toda curva de aprendizado, suas expectativas e visões precisam ser de longo prazo.
Os objetivos, em contrapartida, são de curto prazo, sempre. Por exemplo: nos próximos 3 meses, você quer se dedicar exclusivamente a aprender sobre SEO. Então, passará esse tempo estudando e testando novas coisas – mantendo a visão sempre no longo prazo.
Montar um projeto rentável é um fator crítico para o sucesso, mas, até você conseguir atingir um faturamento decente, vai tomar muito tempo.
Recentemente, entrevistei o Peterson, que construiu o DenvX (Micro-SaaS de controle de dengue para prefeituras). Ele demorou 4 anos até conseguir seu primeiro faturamento. Na minha Startup, também não foi diferente, porque demorei 4 anos até descobrir o produto correto para o público certo.
Quanto mais pé no chão são as suas expectativas, e quanto mais realista é sua visão de longo prazo, alinhado a uma linha de consistência, suas chances de sucesso aumentam drasticamente.
Ferramentas no-code são incríveis
Não sou programador. Não entendo de programação, mas entendo de pessoas. E quando vejo os projetos que são lançados na comunidade, fico abismado com o poder do no-code por trás de mentes empreendedoras criativas.
Há alguns anos, eu via no-code como uma ferramenta para construir MVP’s. Pequenas “residências”, digamos, para testar e validar proposta de valor. Hoje, enxergo o no-code como uma ferramenta para construir prédios parrudos, com centenas de andares.
No-code é como um canivete – tem multifunções, e faz tudo que precisa ser feito muito bem. Me surpreendo todos os dias com projetos da comunidade feitos por pessoas sem nenhuma experiência em desenvolvimento.
Inclusive, fiz uma live com o Tiago Costa – que faz #BuildinPublic do projeto dele – que foi um dos projetos mais legais de acompanhar o nascimento feito totalmente em no-code.
Micro-SaaS não é escalável
É isso mesmo. Micro-SaaS, desde sua concepção, não nasce para ser escalável.
Aí você para e pensa: “Como assim? Não é um SaaS? Eles são feitos para escalar”.
A verdade é que você precisa pensar em coisas não escaláveis quando lança seu projeto. Você não precisa da infraestrutura mais parruda, do funil de vendas mais completo e automatizado, ou de todos os fluxos da jornada de seu cliente 100% desenhados.
Você precisa montar um produto simples e lança-lo o mais rápido possível. É difícil ser simples. Se engana quem acha que é fácil.
Seus primeiros clientes, idealmente, também devem vir na mão. Suas entrevistas precisam ser feitas uma a uma, e não via formulário.
É ir caçando seus clientes em grupos de WhatsApp, grupos de Facebook, e sair dando pequenos passos até conseguir atingir um patamar em que você consiga replicar o que aprendeu, automatizando, aos poucos, seu projeto – depois que você lançou e conseguiu dar os primeiros 5, 10 passos.
O famoso 0 a 1 não é escalável. Não pense em montar o projeto imaginando que vai bombar e viralizar. Isso não vai acontecer. E se acontecer, é um problema bom, e eu tenho certeza que você vai conseguir resolver.
Retenção é mais importante do que aquisição
Retenção é mais importante do que aquisição de novos clientes.
Se você monta um produto e o lança sem ter feito sua lição de casa, provavelmente conseguirá fazer algumas vendas – digamos, 100 novas vendas – mas, se você tiver um churn (cancelamento) de 10% ao mês, você tem um balde furado. Quanto mais água você colocar, mais água vai vazar.
Eventualmente, seu custo de aquisição vai aumentar, seu esforço de suporte vai te cansar, e você vai começar a andar em voltas.
Aprendi na marra que a métrica mais importante de todas é a retenção. Se você faz uma boa lição de casa, entendendo a proposta de valor, entendendo seu público-alvo e o que de fato você está resolvendo para eles, os clientes continuarão pagando por essa solução e seu RTV vai lá em cima. Meu amigo, aí você tem um negócio de sucesso.
Build in public é excelente para branding
- Branding do empreendedor;
- Branding do negócio;
- Montar audiência;
- Construir networking;
- Colher feedbacks.
Esses são só alguns dos benefícios de construir em público. É claro, é um enorme desafio fazer BIP, porque você precisa produzir conteúdo, material, e ter bastante frequência nesse processo. É quase como um segundo projeto além do seu Micro-SaaS.
Mas, os resultados são de longuíssimos prazos, sem contar o networking que você faz, e as oportunidades de negócio que vão surgir. É tudo de bom. Então, se você está pensando em montar o Micro-SaaS e ou está construindo agora, considere fazer Build in Public, porque isso vai te abrir muita portas, além de trazer aprendizado de muitas coisas novas.
Micro-SaaS funciona muito melhor para B2B PME
Micro-SaaS funciona muito bem quando você vende para PME (Pequenas e Micro empresas). Quando você entra num patamar de médio porte ou de grandes multinacionais, há alguns desafios adicionais ao processo.
O ciclo de venda é muito longo, você precisa de muito lead no seu CRM, precisa descobrir como funciona o processo de tomada de decisão da companhia, precisa fazer dezenas de reuniões até conseguir enviar uma proposta, e ainda demora para receber (na minha empresa, tenho cliente que me paga a cada 90 dias). O desafio é gigante.
Mas, é claro, tem suas vantagens. Ao vender para médias e grandes empresas, provavelmente seu churn vai ser muito baixo, seu pós-venda e suporte serão quase inexistentes, e você, inclusive, poderá receber uma venda anual e fazer um baita de um caixa.
Você tem experiência com vendas corporativas? Outbound? Se a resposta for não, então, saiba que a curva de aprendizado é longa.
Lançar um Micro-SaaS internacionalmente é mais simples do que lançar no Brasil
Eu sempre achei que lançar um negócio fora do Brasil, em uma cultura desconhecida, com hábitos e costumes diferentes, seria um grande desafio. Achava que abrir uma empresa lá fora, recolher impostos e ter um advogado custaria o olho da cara.
Mas, a realidade é que é um processo muito mais simples, que não é tão caro nem tão burocrático, além de haver centenas de portais em que você pode lançar seu projeto com muito mais visibilidade do que aqui no Brasil.
Por primeiro, quando você lança lá fora, você tem vários portais para lançar seu Micro-SaaS. Product Hunt, Angel List, Hacker News, enfim, há vários outros portais em que você pode lançar e conseguir picos de audiência e backlinks, e já ter rapidamente clientes pagando no seu projeto.
Por segundo, tudo que você vender no exterior gera cinco vezes de retorno para você. Então, isso é super legal e não é um bicho de sete cabeças.
E por terceiro, há várias ferramentas disponíveis hoje, como, por exemplo, o Stripe Atlas, em que você consegue fazer todo esse processo burocrático de abertura de empresa de uma forma mais automática e produtizada.
Eu nunca lancei um projeto internacionalmente mas, acompanho de perto mais de 10 empreendedores com projetos no exterior, e te digo: se você fala inglês e não tem medo de se jogar, então, meu amigo, faça um projeto pensando em vender lá fora. Sem contar que se ele não der certo, você pode vender ele em uma plataforma estilo Acquire.