Como construir uma Newsletter
Meu playbook de como montei minhas Newsletter com 13 mil seguidores em 2 anos.
A newsletter ganhou uma importância muito grande em minha carreira profissional. Por meio dela conheci pessoas incríveis, ganhei dinheiro, fiz negócios, ganhei autoridade, minha autoestima e confiança aumentaram drasticamente, e construí relações incríveis de negócios.
100 assinantes na minha newsletter e R$ 1k de MRR.
Quando você constrói algo que gera valor para as pessoas, independentemente do formato, você cria uma oportunidade gigantesca de construir um belo negócio na internet. Newsletter é a bola da vez.
A minha newsletter surgiu por acidente. Eu queria trazer um conteúdo profundo sobre Micro-SaaS, e não encontrei nenhuma rede social com esse perfil. Foi então que descobri o Substack, e decidi tentar. Nunca tive a intenção de construir audiência ou ganhar dinheiro com isso.
Aprendi nesses 2 anos que o texto escrito é a base para a construção de um framework de reaproveitamento de material, que ajuda a distribuir mais conteúdo em diferentes redes sociais, com um baixo esforço operacional.
Esse framework me gerou 40 mil seguidores, aproximadamente, em 2 anos.
Sumário
A ideia desta newsletter é trazer um pouco do que aprendi sobre a construção de uma newsletter no Brasil. Acredito, ainda, que este é um tema muito novo, e vejo vários novos entrantes neste mundo. Por isso, resolvi compilar, em um guia, os principais pontos eu aconselharia a mim mesmo se fosse começar novamente.
Tópicos estratégicos
- Como começar uma newsletter
- Como definir um nicho
- Framework de newsletter
- Estratégias de marketing para divulgação
Tópicos táticos
- Conteúdo grátis vs pago
- Como escolher uma plataforma
- Entrevistas com ICP e discovery
📢 Q&A da comunidade
💡 Dicas bônus no final
Um resumo das principais lições que aprendi
Para te encorajar e te inspirar.
- Você não precisa saber escrever para começar uma newsletter. Tudo se aprende.
- O que diferencia uma newsletter meia boca de uma newsletter top é a cadência do conteúdo. Quanto mais você escrever, mais criativo e melhor você ficará.
- Usar AI para escrever uma newsletter ajuda, mas nunca dependa 100% dessa ferramenta para construir seus artigos. As melhores newsletters que conheço são 100% feitas por uma pessoa.
- A maior armadilha dos 10 primeiros artigos é a perfeição. Não busque a perfeição. Lance sua newsletter ao mundo e não tenha medo de errar.
- Montar uma newsletter é a mesma coisa que vender um produto. Distribuição é sempre o segredo. Quando mais você aprender maneiras criativas de distribuir (marketing), mais você vai crescer sua base. Ex: landingpages, workshops, eventos, palestras, etc.
- Não faz diferença você começar com um estilo de conteúdo e depois mudar. A mudança faz parte da evolução. O mais importante é começar.
- Quanto mais pessoal for a newsletter, maior será seu engajamento.
- O open rate é importante, mas não deve ser sua principal métrica. A métrica mais importante é seu click rate.
Como começar uma newsletter
Para começar uma newsletter, é preciso refletir sobre alguns passos.
Primeiro e o mais óbvio: por que newsletter, e não um blog?
A newsletter está vivendo um hype neste momento pela sua capacidade mais pessoal que permite a construção de relacionamentos profundos com seus leitores, clientes e comunidades.
Já posts de blog são cada vez menos lidos. São menos pessoais, e a maioria deles são feitos para SEO, sem profundidade ou pessoalidade. São raros os posts de conteúdo. As pessoas preferem seguir pessoas. Além disso, através da newsletter é possível construir conteúdo que não seja publicamente disponível, como conteúdos pagos.
E por fim, e não menos importante, newsletters, diferente de outras redes sociais, permite que você mova sua base de uma estrutura para outra (mover os e-mails e assinantes), enquanto, em qualquer rede social, você pode perder tudo da noite para o dia.
1. Qual é o seu único JOB TO BE DONE?
O primeiro passo para você começar é pensar em qual problema você quer resolver com a sua newsletter (como em qualquer negócio).
Qual é o conteúdo core da sua newsletter que vai ajudar as pessoas a irem de A para B?
Para você descobrir seu JTB, você precisa responder 2 perguntas: a) para quem eu vou escrever? e b) qual é o meu trabalho mais importante para eles?.
Na minha newsletter, vejo 2 coisas:
- Conteúdo educacional: escrevo muito sobre negócios baseados em minhas experiências e conhecimento técnico sobre Startups;
- Conteúdo motivacional: escrevo muito sobre empreendedorismo, estudos de caso e autocuidado.
Qual meu JTB? Ajudar meus leitores a construírem e crescerem seus Micro-SaaS enquanto curtem a jornada.
O segredo é este: você fala sobre um tema que você entende melhor do que as pessoas e/ou pelo qual você é obcecado e gosta mais do que todo mundo. No meu caso, esse tema é Micro-SaaS. Sou fascinado por esse tema mais do que qualquer um, e tenho uma vasta experiência com SaaS e Startups.
2. Como definir um nicho
“Become the best in the world at what you do. Keep redefining what you do until this is true.” – Naval Ravikant
Escolher um nicho é a coisa mais importante de todas. Quanto mais nichado for sua newsletter, maior será a sua chance de sucesso. É simples assim.
Pense comigo. Se você abrir uma empresa hoje sobre marketing digital, você vai concorrer com milhares de outras empresas, pois o mercado já existe há muitos anos e está relativamente saturado.
Uma dica: ao escolher um tema, vá “2 níveis mais a fundo” (dica do Matt MacGarry). É melhor começar nichado, e ir expandindo aos poucos.
Exemplos:
- Fitness → Musculação → Como praticar musculação em uma dieta X Y Z;
- Tecnologia → IA → IA para marketing → Como usar IA generativa para criar anúncios;
- Notícias locais → O que fazer na sua cidade → Restaurantes e comidas gourmet;
- Negócios → Empresas de mídia → Empresas de mídia com foco em newsletters → Como conseguir assinantes para newsletters.
3. Modelos de negócios para newsletters modernas
Existem vários tipos de newsletter. Esses são alguns exemplos:
- Newsletter pessoal: você traz sua experiência em determinado tema. O foco do assunto não precisa ser específico, mas o seu JTB e seu público-alvo são 100% claros, assim como seu canal de distribuição. Esse tipo de newsletter é interessante porque é bem pessoal, mas, tem um desafio de criação do personal branding que acaba tomando tempo. Um excelente exemplo é a Newsletter do Moacir Moda.
- Newsletter pessoal sobre uma vertical específica: você compartilha sua experiência em determinados assuntos sobre alguns temas específicos. Esta newsletter é um exemplo desse tipo, em que abordo os temas de Micro-SaaS, Startups e Empreendedorismo, no geral, com tudo que envolve ao seu redor, como marketing, vendas, produto, desenvolvimento de negócios, administração, governança e outros assuntos.
- Newsletter informativa: você compartilha informações relevantes sobre um ou mais assuntos, sejam eles tecnologia, esportes, etc. Quem faz isso muito bem é o The News, que construiu uma newsletter com centenas de milhares de assinantes sobre atualizações de tecnologia com uma pitada de humor, assim como a Tech Drops, que é outra excelente referência.
- Newsletter de análise: você faz análises profundas sobre temas ou indústrias específicas, como por exemplo, a newsletter do Lucas Abreu da Abreu Substack.
- Newsletter agregadora: você agrega múltiplos links e trechos de outras fontes em uma única newsletter, para curar todo conteúdo e organizar os assuntos de um determinado tópico ou indústria.
4. Conteúdo grátis vs pago
No Brasil, ainda é muita novidade cobrar por conteúdo. Eu, pessoalmente, gosto muito da ideia de construir uma newsletter paga. É uma excelente junção de desenvolver uma nova habilidade e ainda receber recorrentemente por isso. Inclusive, tem pessoas faturando milhares de reais com suas newsletters (uma bela renda extra).
Casos interessantes são do Will Binder, que fatura mais de R$ 10k/mês, e do Felipe Deschamps, que fatura mais de R$ 100k/mês. Cada newsletter tem um formato de monetização e um modelo de negócio diferente.
A tendência é, cada vez mais, as pessoas “produtizarem” seu conhecimento e cobrarem por isso. Vivemos em uma era com muita informação ruim na internet. Ou seja, existe muito espaço para você criar um conteúdo bacana, gerar valor e receber por isso – de reforma recorrente.
Uma excelente forma de descobrir se as pessoas pagariam por seu conhecimento é: cobrar por ele. Na minha newsletter, inicialmente, eu não sabia quanto cobrar, então, coloquei um botão de doação e tive +100 assinantes me pagando cafés todo mês. Ganhei R$ 25 mil em cafés em 2 anos.
5. Canais de distribuição e marketing
Começar uma newsletter e descobrir por qual canal distribuir o conteúdo é um grande desafio. Este tema vale um artigo dedicado somente para sua discussão, mas, como nosso espaço é pequeno, vou deixar alguns pontos cruciais para você pensar sobre distribuição antes de começar.
- Você faz parte de grupos ou comunidades sobre o assunto que você quer escrever?
- Você conhece/segue outras newsletters de inspiração?
- Você conhece outros escritores de newsletters da mesma vertical que você?
- Você tem outras redes sociais em que poderia distribuir sua newsletter?
- Você tem amigos próximos ou familiares?
Cada “sim” que você responder para as perguntas acima é um meio de distribuição.
- Compartilhe com a comunidade ou grupo em que você está. Entre em mais grupos e divulgue seu conteúdo várias e várias vezes. Este é o canal que mais vai trazer assinantes no curto prazo;
- Faça colab com outros escritores. Esse é um dos melhores canais para escalar uma newsletter;
- Crie um sistema de indicação com outros escritores que estão na mesma vertical que você. É bem fácil encontrar pessoas escrevendo newsletter. Meu sistema de indicação já levou +5 mil inscritos para newsletters de parceiros meus;
- Você pode reaproveitar sua newsletter em múltiplas redes sociais. Essa estratégia funciona muito bem e é minha principal estratégia de crescimento. Usando ela, atingi 13 mil inscritos em minha newsletter;
- Seus amigos e familiares são essenciais para distribuir sua newsletter no começo. Seus primeiros 30-50 inscritos virão dessa rede.
Soma de assinantes que já recomendei.
Se quiser ler mais sobre meu sistema de reaproveitamento de conteúdo, deixo este link para você.
6. Como escolher uma plataforma
Atualmente, as plataformas mais conhecidas no Brasil são: Substack, Beehiive, Ghost e ConvertKit. Mas, sendo bem sincero, existem milhões de plataformas por aí. Vou focar nessas que são as que eu conheço e que todo o mercado está usando.
- Substack (recomendo): é simples, fácil de usar e de graça. É a favorita de todo iniciante, e atende super bem as pessoas. Ela tem algumas limitações no seu editor, nas métricas e nas integrações (falta de API e Webhook), mas, para quem não liga para isso, vai se apaixonar.
- Beehiiv: essa é a favorita dos usuários mais avançados. Ela tem um sistema mais completo de métricas e integrações, além de ter um sistema de monetização que pode gerar uma renda bacana para os creators. Eu só recomendo essa plataforma para quem já monetiza sua base, ou tem investimento para fazer. Não é um valor barato, então, pense duas vezes se vale a pena investir enquanto você não fatura.
- Ghost: essa plataforma tem duas versões, uma de hospedagem própria e outra de hospedagem open source, para você usar na sua própria infraestrutura. Ela funciona super bem e é amplamente usada no ecossistema como um todo. Não tem grandes diferenciais das demais newsletters daqui, além do layout.
- Convertkit: essa é “pau a pau” com o substack. Ela permite não somente criar newsletters, mas tem foco em criar um ecossistema inteiro. Você pode montar landingpages, e criar automações e fluxos de captação de lead. O foco maior é nas pessoas que pensam em construir um ecossistema inteiro integrado em um único lugar. Para até 10.000 subscribers, ela é de graça.
7. Entrevistas com ICP e discovery
Descobrir quem é seu público-alvo é, se não a coisa mais importante de todas, a segunda mais importante (atrás do JTB). Eu entrevistei mais de 100 pessoas da minha newsletter, entre assinantes e não assinantes, para descobrir quem é meu público. Recomendo que você faça o mesmo, até ter clareza de quem segue seu conteúdo.
Para fazer isso, é simples, e tem 2 caminhos. O quantitativo e o qualitativo.
O quantitativo nada mais é do que colocar formulários para as pessoas preencherem com dados para ganhar algo em troca.
O qualitativo são as entrevistas. Eu recomendo entrevistar no mínimo 20 pessoas e, se você já tiver certeza de quem é seu público-alvo, entrevistar no mínimo 7 pessoas para entender seus hábitos de consumo de conteúdo, formatos e referências.
Claro, nada impede você de começar sua newsletter e ir entrevistando os seguidores à medida que vão surgindo.
No meu caso, eu resolvi criar um botão de doação e tive mais de 30 doações nos 3 primeiros meses de edição.
“Quem doar, provavelmente é meu ICP”. Com esse pensamento, abri um botão de assinatura no Substack de R$ 9 reais, e deu super certo.
Independentemente de como e quando você vai começar, invista um bom tempo nesta etapa. É muito importante para o futuro do seu conteúdo.
Q&A da Comunidade
- Frequência de postagem
A frequência de postagem vai impactar diretamente na velocidade que você cresce sua base, mas, não é o único fator, apesar de contribuir bastante.
O desafio é o tempo que leva para produzir conteúdo, e cada newsletter vai ter um modelo de trabalho diferente. Eu, pessoalmente, gosto de trabalhar com conteúdo denso e detalhado. Isso significa que eu demoro de 2 a 5 horas para produzir cada edição, e às vezes até mais. Então, não tenho como postar uma edição por dia, porém, eu poderia fazer outros formatos de newsletter como um formato de notícias + conteúdo denso. Como meu objetivo não é escalar minha newsletter, então, não me preocupo com tanto conteúdo topo de funil.
A minha recomendação é sempre você começar lentamente para entender seu ritmo, e ir aumentando na medida em que vai conhecendo seu público. Eu demorei cerca de 6 a 8 meses para entender meu ritmo e criar um ritmo de produção de conteúdo.
Agora, vamos às coisas mais operacionais. Vou trazer um breve resumo dos principais tópicos que me perguntaram quando comentei que estava montando esta newsletter.
- Onde e como colocar CTA’s
CTA = Call to action, ou seja, chamada para as pessoas se inscreverem.
Eu costumo colocar apenas no início, mas, a recomendação é colocar no início, meio e fim. Eu sempre deixo uma chamada bem grande no início da minha newsletter e, no final, coloco um botão para compartilhar no Whatsapp.
- Como fazer colabs
No Linkedin, eu costumo abordar outros escritores do mesmo nicho ou segmento que o meu, e convido para escrever uma edição em conjunto. Até hoje, nunca recusaram um convite. Esse é um dos principais canais de crescimento. Colab é bom porque você divulga para duas bases, a sua e a do outro.
- Usando AI vs ter uma revisora
Eu pago uma pessoa desde a primeira edição para revisar meus textos. Eu, pessoalmente, gosto muito de ter uma revisora, pois ela dá insights e, futuramente, pode até ajudar a escrever alguns textos. Aqui, é uma opção pessoal de cada um e, sinceramente, não tem certo e errado.
- Como conseguir os primeiros 1.000 inscritos
Eu demorei 4 meses para atingir 1k de inscritos, 9 meses para 2k, 13 meses para 3k, e 19 meses para 5k.
O processo que fiz foi este: distribuí a minha newsletter em comunidades, redes sociais e grupos de que faço parte. Também posto meu conteúdo em outras redes sociais, como o TabNews, grupos do Facebook e grupos do Whatsapp.
- Quem deve escrever uma newsletter?
Todo mundo que deseja compartilhar seu conhecimento e visão com o mundo, do seu jeito (e ganhar uma grana com isso). Falando sério, todo mundo deveria escrever uma newsletter. É um dos melhores side projects que você pode montar na vida.
Dicas bônus 💡
Comece sua newsletter no Substack e lance, em paralelo, uma edição idêntica no LinkedIn. Use a plataforma vizinha para trazer inscritos para sua newsletter principal, colocando chamadas e destaque para quem se inscrever lá.
E o bacana é que, quando você lança uma news por lá, o sistema envia um invite da sua nova newsletter para todos os seus contatos (que tem ativadas as notificações de newsletter).
Quando lancei por lá, para minha sorte, tive 3.7k de inscritos de cerca de 18 mil seguidores, de largada. Atualmente, minha newsletter lá tem 6.5k de inscritos com cerca de 30 a 40 mil leituras dos meus artigos por mês.
Esta dica pode te ajudar no começo da sua newsletter 🙂
O desafio do LinkedIn é que ele não me dá acesso aos e-mails das pessoas inscritas na newsletter. Por isso, a dica é colocar CTA (calls to action) nos artigos para trazer as pessoas para sua newsletter.