De mentor de carreira para empreendedor serial: o caso de Ronny
O estudo de caso de hoje é do Micro-SaaS conhecido como Mentorfy, de um empreendedor da comunidade privada – um empreendedor raiz.
mentorfy.com
Quem é o Ronny
Ronny é sergipano, naturalizado rondoniense, tem 27 anos, é pai da Sofia, marido da Alice, e mentor de negócios. Atualmente, tem 4 projetos que, somados, passam de R$ 2.5M/Ano (ARR).
Ronny veio de uma família simples e humilde. Seu pai e sua mãe não tiveram uma educação ideal, e se tornaram empreendedores por necessidade. Os pais se reinventavam todos os dias para poder sustentar uma família com 3 filhos.
“Meu pai arranjava qualquer coisa e vendia. Um dia ele chegou com um passarinho e o vendeu para um vizinho. Aprendi muito sobre vendas com meu pai.
Desde cedo, Ronny aprendeu com seu pai a importância de saber vender e negociar. Aos 8 anos de idade, acordou decidido a dar o seu melhor para se tornar rico e construir um outro caminho para sua família.
Com 13 anos, aprendeu a formatar seu primeiro computador. Esse foi o primeiro passo dentro do mundo da tecnologia.
Aos 17, já estava fazendo vários serviços de informática e ganhando mais dinheiro do que seu pai.
Desde então, tentou fazer várias coisas, sempre testando e aplicando uma parte da sua renda em novos negócios. Tentou empreender de diversas formas, desde tocar uma loja de suplemento até vender camisetas estampadas.
Aos 18 anos, Ronny fez um curso e se formou em coaching – tornando-se mentor de carreira.
“Sabia que com 18 anos já tinha me divorciado? Sempre fui meio precoce nas decisões da vida”.
Na época, além de trabalhar com serviços ocasionais de informática, também era monitor de uma rede de escola pública da cidade, ganhando R$ 300 por mês para cuidar das crianças. Paralelamente, dava aula de capoeira para complementar a renda.
Quando Ronny se separou de sua esposa, entrou em uma depressão pesada e se viu perdido em sua jornada, até que, um dia, um amigo lhe deu um livro chamado “Pai rico, Pai pobre”, que o fez mudar sua forma de enxergar as coisas.
“Quando li esse livro, minha cabeça explodiu. Foi nesse momento que decidi que iria dedicar os próximos 5 anos da minha vida construindo alguma coisa para mim. Meu negócio.”
Ronny saiu de Rondônia e foi para Mato Grosso, pulando dentro do seu primeiro emprego corporativo. Seu objetivo era um só: aprender o máximo possível sobre empresas e gestão.
Da epifania ao seu primeiro negócio
Seu primeiro e último emprego CLT foi na Nissan, famosa montadora japonesa. Sua ambição era aprender tudo que podia sobre o mundo corporativo e negócios, no geral.
Ronny já sabia que queria ter seu negócio – era só uma questão de tempo. Foi trabalhando e reinvestindo boa parte de seu dinheiro, até que, um dia, montou seu primeiro side business – uma agência de marketing digital.
Seu público alvo consistia em empreendedores(as) que quisessem vender seus serviços de coaching online. Ronny sabia da dor do seu público alvo – escalar suas mentorias.
Com o passar dos meses, percebeu que a realidade e o timing de crescimento do seu negócio seriam muito diferentes do que havia imaginado.
Passou vários meses tentando vender serviços, sempre buscando aprender mais sobre seu público alvo – os coaches. Certo dia percebeu uma dor que várias pessoas comentavam, mas que nunca tinha parado para pensar sobre.
“O processo de coaching é muito artesanal. Não existe um processo claro, uma forma de gerenciar uma terapia, uma mentoria.”
Foi aí que Ronny percebeu uma dor dos seus clientes e, possivelmente, um mercado potencial. Desde então, veio se especializando em ajudar os clientes a resolver suas dores através de metodologias e ferramentas.
Sua agência acabou crescendo e adquirindo uma carteira interessante de clientes, chegando a faturar R$ 100k por mês (MRR). Sua carteira de clientes já incluía pessoas de vários países diferentes.
Mas, como todo e qualquer negócio baseado em serviço, o desafio de continuar com uma agência era manter seu faturamento recorrente e estabilizado.
Do marketing ao SaaS
Em 2021, Ronny tinha um cliente chamado Rodolfo Mori, fundador do Dev Club – uma comunidade de desenvolvedores que, um dia, o convidou para palestrar em um evento em sua cidade.
A palestra acabou sendo um sucesso e, por conta do destino, uma das pessoas na plateia era um empresário chamado Silvio Sampaio, também fundador de uma comunidade de desenvolvedores.
Assim surgiu uma bela parceria de negócios com Silvio. Depois de alguns meses trabalhando juntos, a parceria virou um convite formal para que Ronny assumisse como gerente de marketing e vendas o aplicativo chamado de Salão na Mão, junto com Silvio.
Ronny não conhecia nada do mundo digital ou de SaaS, mas topou o desafio.
“Não entendo muito de tecnologia, mas entendo de vendas.”
Aceitou o convite e mergulhou nessa nova jornada como sócio de uma Startup. Para isso, precisou estudar para montar todas áreas de negócio, desde as mais simples – como desenhar um processo – até as mais complexas – como criar sistemas de precificação de vários produtos.
“Foi uma grande escola. Era tanta coisa que os meses pareciam anos. Aprendi muito sobre SaaS e Startups.”
Trabalhar com o Silvio o ensinou muito sobre esse mundo de Startups e tecnologia, no geral. Esse período foi uma escola da vida para Ronny.
Depois de um tempo, o negócio acabou sendo vendido, o que fez com que Ronny decidisse usar sua experiência com negócios e Startups e, então, montar seu próprio projeto.
Na época, Ronny tinha uma ideia guardada na gaveta que envolvia resolver o problema dos coaches de gerenciar as mentorias de forma mais organizada. Não faltava conhecimento de negócios nem networking para tirar esse projeto da gaveta.
Nascimento da Mentorfy
Depois de alguns meses, Ronny foi amadurecendo a ideia e o projeto do Mentorfy. Era um projeto ambioso demais, sem benchmarks de mercado e com várias dúvidas.
O projeto, inicialmente, consistia em usar o modelo de kanban para ajudar os coaches a elaborarem um gerenciamento de suas mentorias a cada 4 semanas.
“Comprei umas cartolinas e fiz o desenho do meu protótipo, da minha ideia, no papel.”
Foi aí que teve a ideia do nome do seu Micro-SaaS: Mentorfy. Logo comprou o domínio e registrou a marca.
“A decisão mais acertada que fiz foi o nome. Mentorfy. Mentoria. As pessoas entendiam.”
Como um profissional de marketing, Ronny não tinha a mínima ideia de como montar um produto. Por já ter navegado com alguns infoprodutores em comunidades de desenvolvedores, ele conseguiu a indicação de um profissional chamado Henrique – um desenvolvedor front-end que o ajudou a desenhar o protótipo do seu primeiro MVP.
Em seguida, com o projeto tomando forma, Ronny convidou mais um membro para o time, Alan, que topou o desafio de montar o projeto.
Assim, com uma equipe completa na sociedade, conseguiram tirar o projeto do papel, e em 180 dias lançaram o produto no mercado.
“Cheio de problemas, falhas e tretas para resolver, mas tivemos um ponto de acerto. O fato de não ser desenvolvedor me permitiu criar uma gestão de um business estruturado para dentro de um negócio embrionário”.
Governança para Micro-SaaS
“Tive que refazer o contrato dos meus sócios 6x.”
Se engana quem acha que montar um side project com dois sócios é algo simples. A respeito disso, de forma breve, Ronny trouxe contribuições sobre fazer um bom contrato.
Dividir equity, montar sociedade e parcerias em um projeto em construção é bem diferente quando o projeto fatura R$ 10k de MRR. Muita coisa muda durante essa rápida trajetória e, se os interesses não estiverem bem alinhados, isso pode dar muita dor de cabeça.
Go to Market da Mentorfy
Com o crescimento do negócio, os clientes entrando e a empresa começando a ter um pouco de previsibilidade, a Mentorfy começou a crescer gradativamente.
“Comecei a receber muitos feedbacks. No início, eles eram muito ruins e diretos. Partia minha alma. Mas hoje eu entendo, só estamos aqui agora porque os clientes nos ajudaram a montar a empresa que temos hoje.”
O que vs Por que
“Eu entendi que o SaaS é um commodity.”
Durante a jornada, Ronny percebeu uma coisa importante com seus sócios. Seu produto, por mais que trouxesse novas funcionalidades quase diariamente, nunca seria o melhor software ou o maior do mercado.
Foi aí que ele e seus sócios resolveram virar a chave e criar um story telling em torno do seu SaaS, como um “estilo de vida”.
Tudo começa com o por quê. Por que as pessoas usavam o Mentorfy? Antes, era sempre O QUE.
A partir deste momento, começaram a criar slogans remetendo o seu Micro-SaaS a um estilo de vida, uma marca, um movimento.
“Quando li o livro do Simon Sinek, chamado “Golden Circle”, percebi que estava olhando para a direção errada. Precisava me comunicar pelo POR QUÊ”.
Assim, as campanhas começaram a trazer resultado.
Oxigenando caixa
Uma estratégia que adoraram durante essa mudança de mindset foi oxigenar o caixa. Ronny e seus sócios tinham alguns clientes que atendiam carteiras gigantes, e sua missão era incluir a Mentorfy na rotina desses profissionais.
Foi então que decidiram criar um produto novo produto para eles, e vender só com pagamento anual.
“Foi a decisão mais assertiva que fiz na minha vida. Oxigenar o caixa com planos anuais. Caixa na mão de SaaS é muito importante. 10k pode virar 100k, se bem reinvestido”.
Com caixa, Ronny e seus sócios começaram a ter fôlego para trazer algumas pessoas para ajudar no crescimento do seu Micro-SaaS, que estava em uma transição de um side project para uma Startup em escala.
O pensamento dos sócios era simples: ser um negócio bootstrapp que pudesse resolver um problema muito bem, para um nicho muito específico.
“Eu sou o CEO e sou o melhor vendedor da empresa. Eu não tiro dinheiro, eu ganho percentual sobre minha performance de vendas. Qualquer centavo, no início, contava. Caixa é tudo.”
Primeiro vendedor
Com caixa, clientes satisfeitos e um produto que resolvia um problema muito bem, Ronny e seus sócios estavam prontos para dar o próximo passo.
Um dia, Ronny estava assistindo o canal do Deivison, do Vivendo de SaaS, e ficou inspirado ao ver um andar inteiro com vendedores ligando para clientes ao longo do dia.
Foi nesse momento que decidiram contratar seu primeiro vendedor para fazer um teste. E o teste, no final das contas, deu super certo. Contrataram mais 4 pessoas nos próximos meses.
Sempre falo que retenção é uma das principais métricas para Micro-SaaS e, aqui, tiramos mais uma lição sobre isso.
Mentorfy em 2023
Hoje a Mentofy é o maior ecossistema de gerenciamento de criação, vendas e suporte de mentorias e mentores.
As 3 maiores propostas de valor da empresa são:
- Acabar com a limitação de clientes simultâneos, sem perder a qualidade das mentorias;
- Economizar tempo, recursos e evitar churn – transformando o processo de mentoria artesanal em um produto com fluxos claros, documentos e processos bem desenhados;
- Transformar a jornada dos mentores em algo menos solitário, criando conexões e um ecossistema de profissionais que buscam as mesmas coisas.
Atualmente, a empresa fatura em torno de R$ 220 mil por mês, com uma equipe de 17 pessoas (contando com os 3 sócios), e com mais 4 Micro-SaaS, além da Mentorfy, saindo do forno.
- https://agendafy.com.br/ (agenda simples que notifica WhatsApp/sms)
- https://contratofacil.me/ (gerador de contratos + assinaturas eletrônicas)
- Mariai.com (criador de landingpages – ainda está em desenvolvimento interno com 10 clientes)
- Byfrost (geração de leads para mentores de banco de dados extraídos do Instagram)
E qual a visão de futuro para o Ronny?
Quer montar um portfólio de pequenos negócios, e construir um lifestyle business para que possa viver fazendo o que ama e ter mais tempo com sua família.