Do freelance ao Micro-SaaS: o caso do Tiago Costa
Estudo de caso do Tiago Costa da Freelup
“A palavra que melhor me define: sou uma pessoa curiosa”
Tiago é Engenheiro Mecânico, e fez pós-graduação e mestrado na área de engenharia. É, desde sempre, apaixonado por negócios e tecnologia.
Durante a faculdade, lançou seu primeiro empreendimento
Quanto cursava engenharia, Tiago criou, junto com alguns colegas, um aplicativo de árvore de decisão (baseado em “if’s”), que calculava estrutura de viga para obras. Este app, inclusive, tem 4 mil usuários ativos atualmente, depois de 7 anos de sua criação.
Com esta experiência, Tiago se apaixonou por construir um produto sem precisar de um programador ou de conhecimentos avançados em programação. Isso o incentivou ainda mais a continuar estudando programação.
“Scratch your own itch” / Construindo soluções para resolver problemas para si
Certo dia, Tiago, que estava ajudando sua mãe, intrigou-se com o tanto de trabalho manual que ela realizava em suas atividades. Na época, ela trabalhava com AirBnb, fazendo a gestão de vários imóveis manualmente, por Excel, o que demandava muito tempo e esforço.
Então, resolveu pesquisar uma forma de automatizar as planilhas, e acabou encontrando o sistema do Google online, chamado de AppSheet, que automatizava tudo sem a necessidade de saber programação.
Estudando a ferramenta, Tiago resolveu buscar na internet outras ferramentas no-code para que ele pudesse construir algo simples, ainda com o intuito ajudar sua mãe. Durante essas pesquisas, acabou caindo em um artigo que comparava o AppSheet com uma ferramenta da qual ele nunca tinha escutado falar: a Bubble.
Comunidade Sem Codar / Renato Asse
“Lembro que era umas 22:30 quando comecei assistir os vídeos do Renato e, depois disso, exatamente às 4 da manhã, não conseguia dormir com tanta ideia pipocando na cabeça – pensando no que daria para fazer no-code”.
Para Tiago, a jornada no mundo da programação sempre foi muito mais um hobby do que uma profissão.
“Fazia apps sem interface mesmo – coisas básicas em HTLM ou Phyton”.
Então, o Engenheiro mergulhou de cabeça nos cursos do Renato Asse – e em 15 dias, enfim, decidiu montar seu primeiro Micro-SaaS.
Primeiro Micro-SaaS: Fraggz
Fraggz veio de “Good Game” (GG). A ideia era simples: um marketplace para encontrar coachs de E-Sports, para aprender a jogar games online.
“Você encontrava um cara para te ensinar a jogar CS por 20 pila a hora”.
O desenvolvimento do produto aconteceu de forma bem rápida. Foram 30 dias estudando os cursos do Renato, e 15 dias desenvolvendo seu primeiro projeto. Durante o processo, não realizou pesquisas ou entrevistas – nada.
“Só tive a ideia e lancei”.
A experiência acabou sendo péssima
O Micro-SaaS ficou 1 mês e meio no ar, funcionando. Foram +R$ 800 reais injetados, e +2.000 e-mails coletados de interessados através de uma landingpage. À primeira vista, os números pareciam excelentes, já que o custo de aquisição estava baixo e o número de interessados era alto.
Foram contabilizados +1.800 potenciais alunos, e +300 potenciais professores captados em campanha. Entretanto, mesmo com tantas pessoas no radar, Tiago teve um total de 0 vendas.
Lição aprendida: “Foquei no público errado. Mirei em um público infantil (de um jogo chamado Free Fire), e a galera não tinha grana. Além disso, os professores não eram pessoas conhecidas o suficiente.”.
Com isso, ele acabou desligando o projeto na mesma velocidade que lançou, e saiu com um “prejuízo” de R$ 2 mil reais, apesar de ter sido um excelente investimento no que se refere a aprendizado.
O mais importante foi sair de 0 a 1.
Todos precisam construir, validar e lançar um produto para entender como funciona a dinâmica, e para perder o medo de lançar.
Essa experiência trouxe uma nova habilidade
Como sempre falo em meus artigos, um Micro-SaaS é um laboratório de habilidades. Para o Tiago, a história não foi diferente. Lançar um produto rápido no-code foi fácil, entretanto, o produto não ficou bonito ou não proporcionava uma boa experiência.
Assim, o Engenheiro decidiu mergulhar de cabeça para aprender mais sobre UX e UI, decidindo fazer o curso do Google de UX/UI professional. O curso durou mais de 7 meses (são +300 horas para completar o curso) e, para conseguir se formar, precisou lançar 3 produtos completos – passando desde as etapas de pesquisa e entrevistas até a confecção completa dos produtos.
“Foi aí que aprendi uma base mais sólida de UX. Aprendi, na prática, com o Google”.
Colocando em prática suas habilidades – sem medo
Na época, Tiago queria colocar em prática a experiência obtida durante o curso, então, acabou criando um perfil no Fivver (marketplace de compra/venda de serviços).
“Todo mês aparecia um sujeito para me pagar 100 pila para eu fazer algum pequeno serviço”.
Em 2022, ao concluir o curso, resolveu expandir sua rede de prestação de serviços, e anunciou sua disponibilidade como freelancer em mais plataformas – sempre aumentando o escopo do serviço, na busca por projetos e clientes maiores.
“No primeiro mês, faturei R$ 2.800 reais só no tempo livre, sem muita experiência”.
No final de Janeiro de 2022, ao perceber o potencial do mercado, Tiago resolveu criar uma conta no Instagram para compartilhar sua experiência, ensinando as pessoas e, de quebra, ganhando uma grana com isso.
De engenheiro para infoprodutor
Em 2022, o Tiago:
- Faturou +R$ 115 mil reais como freelancer de design;
- Cresceu sua conta no Instagram (Renda com Design), com até 10 mil seguidores;
- Lançou um curso de Design com +100 alunos.
Dos resultados do curso, não tirou nada para si – reinvestiu 100% do recurso na aquisição de novos alunos.
Essa experiência foi muito importante para o Tiago entender mais sobre como trabalhar com freelance (principalmente na área do design e desenvolvimento de aplicativos) e, enfim, sobre como montar um audiência.
Durante a jornada, sua maior dor eram os softwares para gestão de projetos como freelancer.
“Testei Clickup, Asana, Trello, entre outros, mas nenhum me atendia bem porque todos foram feitos para equipes. Sempre faltava alguma coisa, principalmente relacionada ao trabalho burocrático. Eu sempre quis ter uma ferramenta para resolver esse problema”.
Surgimento da Freelup. Da dor ao Micro-SaaS
De infoprodutor para empreendedor de Micro-SaaS
Em 2023, um pouco frustado com o crescimento do seu curso e da sua conta no Instagram, Tiago resolveu sair da área de serviços para focar em software.
A verdade é que o ele sempre foi apaixonado por skin in the game, e sempre gostou de acompanhar outros empreendedores, principalmente pelo YouTube.
“Eu sou apaixonado por este tema de Build in Public, mas, ao procurar conteúdo de SaaS na internet, não achei quase nada… entendia que a chance de dar merda é grande, mas, resolvi fazer isso!”
E assim, tomou 2 decisões importantes:
- Construir a Freelup para resolver sua própria dor como freelancer;
- Construir a Freelup em público, pelo Instagram.
Com isso, em Janeiro de 2023, Tiago começou seu Build in Public no Brasil.
A ideia inicial era sanar a própria dor. Mas, ao começar o Build in Public, o Engenheiro percebeu que outras pessoas também tinham a mesma dor… e, assim, sua conta no Instagram começou a crescer.
Foi um mês de pesquisas antes de começar seu MVP (produto mínimo viável). Durante esse processo, observou que o maior desafio dos freelancers era a prospecção de novos clientes, e o segundo maior desafio consistia na organização, gestão e automação do trabalho.
“Entendi a maior dor do mercado, mas, eu não queria passar pela experiência de montar outro marketplace”.
Dessa vez, depois de +40 sistemas desenvolvidos como freelancer, Tiago fez um trabalho com muito mais precisão, com um framework muito mais maduro.
Está achando interessante a história da Freelup, do Tiago? No e-book Como validar um Micro-SaaS trazemos detalhes, na prática, de como ele validou seu Micro-SaaS.
Além disso, tenha acesso a um guia completo para te ajudar no processo de encontrar e validar uma ideia de Micro-SaaS – com teoria, prática e planilhas.
Build in Public
Em 3 meses, Tiago já tem +1.700 seguidores no Instagram.
“É como se eu tivesse 1.700 cabeças pensando comigo, no Instagram, o tempo inteiro. Em cada story que posto, recebo mensagens de 30-40 pessoas com ideias e oferecendo ajuda. Não tem grana que pague esse espírito de colaboração”.
Algumas coisas interessantes que aconteceram com ele durante esses 3 meses:
- 80% de todos os leads vieram do Instagram;
- Ganhou um registro de marca de um seguidor;
- Ganhou a revisão de um contrato de serviço da Freelup de um seguidor;
- Ganhou o design das camisetas e do moletom de um seguidor;
- Escreveu um e-book comigo (inclusive, já comprou o seu? 🧠).
“Tudo isso demanda um grande investimento de tempo, mas o ROI é excelente. O marketing orgânico é insano, além de abrir portas e fazer parcerias que nunca teria conseguido sozinho”.
E é claro, também teve alguns aprendizados que não são tão bons:
- Gerir uma rede social demanda muito trabalho. Se deixar de acessar o Instagram por 2 dias, já tem um acúmulo de 50 mensagens;
- Conhecimento coletivo é uma faca de dois gumes. Vem muitas dicas cruzadas e, para filtrar, é necessário experiência;
- Surgem assuntos que você não conhece, que são difíceis de entender;
- Não dá para escutar 100% todo mundo. É um paradoxo;
- É necessário haver um grande investimento de tempo.
“No final de semana que eu lancei, dei uma desligada para descansar. Quando voltei, tinha 100 mensagens para responder”.
“Enquanto isso diz para “fazer isso que dá boa”, outro, tratando sobre o mesmo assunto, diz para nunca fazer isso”.
Próximos passos de sua jornada
Nos próximos meses, a ideia de Tiago é se dedicar 100% à Freelup para continuar validando o produto, e continuar com a mesma pagada no Instagram.
Depois que o produto estiver validado, o Tiago pretende seguir por um dos dois caminhos:
- Criar outro produto, dependendo do tamanho da audiência, para a própria audiência;
- Criar algo mais mão na massa para ajudar os empreendedores a construírem Micro-SaaS.
“Não quero estar até fim do ano só com a Freelup. Disso eu tenho 100% de certeza”.
Conselhos para quem está começando seu primeiro Micro-SaaS
- Seja o mais simples possível, apesar de isso ser difícil;
- Lembre-se que o primeiro produto, a primeira versão, estará lá para validar – e não para ganhar dinheiro (maior conselho);
- Você quer primeiro ter certeza que aquilo pode dar dinheiro antes de ganhar dinheiro;
- Para validar um produto, não necessariamente é preciso passar por um Micro-SaaS. Abra sua cabeça para formas fora da caixa para validar seu negócio.
- Por exemplo: seu negócio substitui o serviço de alguém? Tente testar antes.
- No caso do Tiago, a validação foi vendendo “packs” com templates que são similares ao que a Freelup faz;
- Você não precisa desenvolver por 6 meses um app para validar a ideia;
- MVP não precisa ser escalável. Não se preocupe com a melhor linguagem, infraestrutura, marketing. Vai com o que dá, com o que está na mão. Quando você começar a ganhar grana, você pensa nesses detalhes;
- A priorização do MVP é sempre tempo;
- O caminho mais curto e rápido é sempre o melhor.
Dicas para quem vai fazer Build in Public
- Seja você mesmo – grand eclichê, mas, não tem outra forma;
- A ideia do Build in Public não é ser infoprodutor para ensinar as pessoas a fazerem alguma coisa, mas, sim, mostrar a jornada;
- Foque no desenvolvimento do produto como um diário de bordo, e não como postar dicas de ferramentas, cursos, etc., como se fosse um vendedor de infoproduto;
- Build in Public é um reality show.
A comunidade de Micro-SaaS
- Estimulou Tiago a fazer Build in Public;
- Networking – Tiago conheceu muita gente, aprendeu muita coisa, abriu muitas portas… isso nenhum curso o daria.
- A comunidade foi essencial para a jornada de Tiago e para trocar conhecimento.
“Deixa de se enrolar, e faça seu Micro-SaaS.”