Conheça as portunidades do mercado do mercado brasileiro de Micro-Saas - Atualizações e métricas.
Bruno Okamoto
10 Min de leitura
Atualizações no mercado brasileiro de Micro-SaaS

Mercado brasileiro de Micro-SaaS

Conceito de Micro-SaaS

Quando comecei a escrever sobre o tema, no início de abril, usei, em meu primeiro artigo, o seguinte conceito:

Micro-SaaS: empresas que faturam até R$ 25k de MRR por mês. Um life style business que não consegue crescer 20% MoM. Um sonho para muitos, pesadelo para outros.

Na mesma época, conversando com um amigo sobre a diferença entre um Micro-SaaS e um pequeno SaaS, chegamos à conclusão de que a distinção está muito mais atrelada ao mindset do empreendedor, do que ao produto ou negócio.

Um Micro-SaaS, por sua natureza, é um produto digital por meio do qual o empreendedor busca resolver um problema específico de um nicho, e crescer lentamente à base de usuários. Para ele, o efeito desejado do projeto é trazer renda adicional e mais liberdade, seja de tempo ou financeira, sempre trabalhando o compound effect do MRR – diferentemente de um pequeno SaaS, que busca crescer reinvestindo no negócio e contratar pessoas para suportar o crescimento.

Atualmente, para mim, um Micro-SaaS tem as seguintes características:

Nasce para ser pequeno, por natureza.

Quando digo pequeno, não me refiro à faturamento, mas, me refiro a tamanho de equipe e empresa, principalmente porque o produto é simples e resolve muito bem um problema ou dois.

Atua em um mercado de nicho, e o tamanho do mercado não é tão relevante.

O mercado sempre estará atrelado ao crescimento e às oportunidades. É claro que um nicho muito específico vai ter um teto de crescimento e os canais tendem a saturar mais rapidamente, mas, o objetivo do empreendedor é resolver um problema muito específico, longe das massas.

Tende a ser um produto mais “self-service” – em que os clientes compram a assinatura sem a dependência de um vendedor ou do fundador. Produtos PLG (Product Led Growth) estão ficando mais comuns

(saiba mais sobre PLG na news do nosso parceiro Builders 2 Builders).

Os produtos não podem depender do fundador ou de um time para ser vendido. É natural que, às vezes, seja necessário responder dúvidas dos clientes (o que é bastante comum no suporte pós-venda,) porém, o objetivo do Micro-SaaS é operar, independentemente da disponibilidade do fundador.

Tem custos sempre enxutos, e margem alta (75%+)

Por padrão, os Micro-SaaS tendem a ter um custo muito baixo de manutenção e infraestrutura. Em teoria, o maior custo costuma ser o gateway de pagamento (e os impostos) e, às vezes, API’s de terceiros.

Seu crescimento é atrelado a canais pagos, no curto prazo, e orgânicos, no médio/longo prazo, mas, raramente ao processo de outbound.

Os desafios do Micro-SaaS que vendem para B2B Mid market ou enterprise acabam sendo o ciclo de venda longo, os faturamentos longos, a burocracia na homologação do cliente, a dependência de pessoas para escalar as vendas, e assim por diante.

Uso frequente de serviços compartilhados (freelancers).

Por fim, o maior desafio dos Micro-SaaS, depois que estabelecidos público alvo + fit do produto + modelo de precificação, é a expansão (verticalização ou horizontalização), junto a diferentes estruturas comerciais e canais. Suporte não é um problema muito grande e, normalmente, os fundadores fazem isso dentro de casa, com uma pessoa de confiança (seja um sócio, familiar ou funcionário).

Sobre o ecossistema brasileiro de Micro-SaaS

Há 3 meses, escrevi sobre as 4 personas do ecossistema de Micro-SaaS. Minha teoria, na época, era que a maior parte do ecossistema consistia nas startups early-stages, mas, no decorrer do tempo, percebi que a principal persona são os próprios desenvolvedores, e que a maioria deles está interessada em fugir do ecossistema de startups. Também, muitos empreendedores bootstrappers.

73% das pessoas querem liberdade financeira e de tempo, e 21% quer virar uma startup.

  • A comunidade de Micro-SaaS no-code é bem grande. Renato Asse é um dos nomes que mais aparece nas pesquisas. Não sei quantos % esse público representa da base de leitores, mas, vou descobrir. Se eu pudesse “chutar”, diria que entre 15% e 20% da base são no-code.

A comunidade de Micro-SaaS no Brasil é muito maior do que eu imaginava. Vemos todo um hype em torno de startups, mas, a comunidade de SaaS e Micro-SaaS vai crescer muito. Muito!

  • O conceito de Micro-SaaS ainda não é muito conhecido. Educar o mercado toma tempo e paciência, por isso, é crucial que existam diversos canais de conteúdo de qualidade.
  • Agora, não me parece um momento para montar um portfólio com vários Micro-SaaS através de aquisição. O preço está muito alto, e o mercado não têm muita maturidade de venda de negócios e ativos digitais pequenos.

A tese mais concreta até o momento vem da ideia de comprar Micro-SaaS em marketplaces lá fora, e então trazer a estrutura para o Brasil – o custo barateia bastante, e a margem aumenta da noite para o dia, mantendo a receita em dólar.

  • Existem alguns investidores de olho neste mercado, mas ainda sem muita clareza das oportunidades de investimento vs retorno. Em breve, começaremos a ver alguns pequenos fundos surgindo exclusivamente para investir em Micro-SaaS.
  • O desafio dos empreendedores, quando não têm muita experiência em marketing, é encontrar um parceiro comercial ou aprender sobre marketing para investir em canais pagos. Ambos requerem tempo e têm uma curva de aprendizado.

Reflexão: Faz falta ter um Product Hunt brasileiro, né? Se alguém souber fazer um para colocarmos anexado ao microsaas.com.br, me responda este e-mail 🙂

Algumas informações da pesquisa realizada (160 pessoas)

O que gostariam de ver na comunidade.

Curiosidade: Enquanto 76% faturam menos de R$ 5k mês, 20% faturam acima de R$ 15 mil de MRR. Ou seja, existe muito espaço para amadurecer o ecossistema.

A maior parte das soluções são para B2B. É curioso que 30%, de alguma forma, vendem para B2C.

14% já estão faturando, enquanto 16% ainda estão em fase de Go To Market, e 68% ainda estão amadurecendo os projetos no mundo das ideias.

O que os benchmarks de Micro Private Equity estão fazendo

Micro Angel

Recomendo essa newsletter para nossos assinantes. O conteúdo é de ouro. A tese do autor é comprar um Micro-SaaS investindo $ 500k, para ter um retorno de $ 1.4m em 2 anos.

Resultado em 17 meses (!!)

Relatório Junho 22

Ponto relevante: Micro Angel fez o fundo I para testar a tese. O fundo II terá uma tese diferente. Ele quer montar um marketplace para comprar receita recorrente de projetos através da Web3. Está divertido acompanhar o projeto.

Xo.Capital (benchmark sobre a qual montei o playbook)

Depois de diversas aquisições em 18 meses (acredito que tenham sido 7 aquisições), o foco agora é o crescimento através da produção de conteúdo. Um fato interessante é que, além de comprarem Micro-SaaS, agora também estão criando. Será uma tendência? Acredito que quando atingirem R$ 83k MRR (1M ARR) vão buscar funding (atualmente estão em R$ 22k MRR).

E o mais interessante: com a ideia da liberdade de tempo e liberdade financeira, estão buscando um CEO JR para assumir o portfólio. No mínimo, interessante.

Conclusão

O mercado de Micro-SaaS vai crescer bastante nos próximos anos. Acredito que veremos muito mais novidades sobre o tema daqui para frente. Prevejo, também, empresas adotando workshops sobre modelagem de Micro-SaaS, dentro de casa ou com squads on demand.

Em breve vamos ver o ecossistema surgindo, mais projetos nascendo, fundos de investindo surgindo, empresas dedicadas a Micro-SaaS.

A nova economia do Micro-SaaS.

Fico feliz de estar podendo ser pioneiro no tema no Brasil, e espero que este conteúdo traga clareza de ideias para todos os leitores interessados no assunto.

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