Micro-SaaS e o poder da comunidade: Estudo de caso de Alex Leonardo
Como ele lançou 2 Micro-SaaS sem saber programar e o poder da comunidade
Tudo começou no final da década de 80 quando seu pai comprou 386 16mhz…
“O futuro é o computador.” – dizia o pai dele.
Como todo bom nerd, Alex se apaixonou pelo seu brinquedo. Começou a fuçar e “debulhar” o computador, o que o fez decidir que era isso que queria fazer no resto da sua vida. O irmão de seu pai, Leo, era desenvolvedor de COBOL e fazia controle de estoque (tudo em DOS). Nesse trabalho, Alex dava uma assistência para o Leo, fazendo com que se apaixonasse cada vez mais pelo assunto.
Nessa época, o pai de Alex foi transferido para Brasília, e Alex entrou na faculdade, morando na casa do tio. Para ajudar com as contas, logo procurou um emprego e conseguiu um trabalho em uma revista de turismo para ajudar a editorar o layout da revista – ou seja, montar a revista. Esse foi seu primeiro contato profissional com tecnologia – ficando lá por 1 ano, editando a revista.
Em meados de 95, Alex teve a oportunidade de ir para os EUA e acabou comprando um computador melhor. “Um avião da época”, com o recém Windows 95 lançado.
Nesse ano, Alex decidiu sair da faculdade e acabou mergulhando de cabeça no trabalho. Computação estava em alta. Começou a fazer vários freelancers para os amigos do pai, que trabalhava na General Motors.
Decidiu então tentar uma segunda faculdade (de engenharia), mas, de largada, descobriu que não era isso que queria. Na mesma época, Alex estava arriscando alguns freelas de design – o que o motivou a tentar uma terceira faculdade, de Arquitetura, que seguiu por 4 anos, mas não se formou.
“Lembro quando surgiu a internet e montei minha primeira conta de email. Foi uma revolução”.
No início dos anos de 2000, Alex montou uma empresa com seu sócio. Era uma empresa focado em design e multimídia, uma vez que os dois já tinham bastante experiência em design, e o CD-ROM tinha acabado de sair e estava em alta.
O primeiro “job” da empresa foi fazer um manual eletrônico da Suzuki e distribuir em CD’s. Esse serviço abriu portas para as grandes empresas, e começaram, então, a vender vários serviços de multimídia para grandes empresas como a P&G.
Alex sempre foi um Geek muito curioso, fuçando e aprendendo sobre novas tecnologias.
Lá pelos meados de 2015, com seu negócio, Alex tinha uma dor que o incomodava frequentemente: montar propostas comerciais. (“Scratch your own itch”)
Incomodado com as atuais soluções, ele decidiu desenhar um “aplicativo” que ele consideraria ideal para um SaaS de gestão comercial. Antes, na gestão comercial das empresas, era tudo enviado por email como anexo. No sistema que Alex desenhou, tudo seria enviado online e por celular.
Draft do MVP do Negocie
Alex saiu distribuindo uma apresentação do “aplicativo” e mostrando para algumas pessoas, despertando o interesse de todos que conheciam a solução.
Quando percebeu que tinha uma oportunidade em mãos, decidiu estudar mais programação para tirar a ideia do papel, mas, concluiu depois de fazer um curso de Ruby on Rails, que programar não era a praia dele. No curso, contudo, Alex conheceu um Dev que o convidou para montar seu primeiro Micro-SaaS.
Primeiro Micro-SaaS: Negocie
O Negocie demorou de 2 a 3 meses para ser desenvolvido. Nasceu como uma perna da empresa de Alex e seu sócio.
Ao ler um livro sobre lançamento de startups, Alex resolveu montar uma landingpage para o pessoal cadastrar seu email para ser notificado a respeito do lançamento do app. A página mostrava todas as principais “features” do app, que seus amigos que viram a apresentação comentaram serem as mais relevantes.
Em 2015, não havia tanto a cultura da nuvem. Ter um sistema de envio e gestão de propostas online era “revolucionário”.
“Se seu computador na sua empresa pifar, está tudo na internet. Você não se preocupa mais em perder seus PDF’s ou propostas locais”.
Colocou Google Ads até montar um mailing de 150 pessoas em 45 dias. Alex tinha zero conhecimento em Google Ads, e por isso seguiu os passos que leu no livro de startup. Era muito superficial, mas o deu uma direção.
Assim que saiu o beta, Alex e seu sócio convidaram os 150 cadastrados para participarem. Desses 150, 125 se cadastraram em 3 dias – “Foi um retorno muito alto”.
Uso do próprio Micro-SaaS na sua empresa de mídia
Na época, o modelo de negócio do Negocie era Freemium, ou seja, grátis até 4 propostas ativas e, depois disso, era pago. Mas, como nem tudo são flores, logo em seguida o programador saiu da empresa, apesar de continuar prestando alguns freelas ocasionalmente.
Reflexão: Muito se discute na comunidade sobre validação mas pouco se fala sobre mapear proposta de valor. O processo do Alex é um excelente case de validação de proposta de valor.
Alex começou a terceirizar o serviço com outros freelancers, através do 99 Freelas. Por volta de 3 meses de vida do app, Alex conheceu um empreendedor de uma agência que implementou para ele o inbound marketing através de geração de conteúdo.
1 artigo por semana – 4 por mês. Depois de 3-4 meses, começou a surgir bastante trafego orgânico. Foi quando Alex decidiu, enfim, parar de investir em Google Ads, e focar em melhorar a conversão de leads.
Momento em que o acesso orgânico começou a criar corpo.
A pandemia foi um divisor de águas
Em 2020, Alex começou a fuçar muito nas comunidades online, pensando no seu próximo projeto. Conheceu a comunidade do Renato Asse, e ficou meses estudando como lançar seus próximos projetos.
Estudou bastante sobre marketing e tráfego pago, também – investindo cada vez mais em vendas e na conversão do seu Micro-SaaS. Vender tornou-se a principal skill que Alex quis aprender desenvolver neste Micro-SaaS.
“O bichinho do SaaS me picou. Ter um SaaS e agora com o no-code. Tenho o poder na minha mão de otimizar aquelas dores das pessoas que vivem de processos ultrapassados”.
Quando conheceu o mundo de Micro-SaaS e as possibilidades, se apaixonou. Descobriu que era isso que queria fazer: construir produtos e resolver dores das pessoas, online, através de SaaS. As coisas ficaram mais claras e entendeu como traduzir a experiência de seu primeiro projeto para lançar novos.
“Renato Asse me inspirou muito. Ele é de marketing, foi lá e montou um SaaS para resolver uma dor do local que trabalhava. E agora está ai, ensinando os outros a resolver dores através de SaaS”.
Segundo Micro-SaaS: O Everdocs
A ideia do Everdocs veio dos feedbacks dos usuários do Negocie. As empresas que usam o Negocie sentem a necessidade de ter um controle do relacionamento com os clientes antes de enviar a proposta.
Reflexão: Falo muito sobre ter vários Micro-SaaS para compor um portfólio e diversificar riscos. Um dos melhores caminhos é buscar soluções dentro da própria base de clientes.
Quando Alex percebeu essa dor através de pesquisas e feedbacks, resolveu estudar o mercado e descobriu que todos os CRM’s do mercado são grandes e caros. Mas, nenhum é simples e focado em microempresas e freelancers.
Então, surgiu o Everdocs, uma ferramenta simples de controle de relacionamento com as principais features de gestão de propostas embutidas.
A ferramenta é totalmente no-code, e tem sido um laboratório de experimentos para Alex – que está aproveitando o projeto para aprender a construir seu próprio sistema.
“Micro-SaaS é um excelente meio para se desenvolver novas habilidades.”
A ideia de lançamento é fazer uma landingpage para cada persona da base de clientes da Negocie. Também, isso melhora o acesso orgânico e ajuda a validar cada público e proposta de valor.
“Li uma vez que quando o Zapier lança uma nova integração, eles montam uma landingpage para ela. Isso transformou a geração de lead deles”.
Atualmente, o projeto está na montagem das landingpages e em desenvolvimento no Bubble. A ideia é ter o MVP pronto no final de novembro.
A importância da comunidade de Micro-SaaS
O fato de existir as comunidades como Sem Codar e a do Micro-SaaS é de suma importância para quem quer entrar neste mundo. É uma forma de alinhar pensamentos e energia das pessoas que estão no mesmo barco que você.
Isso amplifica muito a velocidade com que você quer desenvolver (e se inspirar) e lançar seu produto, ainda mais se você não é desenvolvedor – porque, assim, você consegue colocar em prática aquilo que estava guardando na gaveta.
Sem contar que você pode ter ideias para novos projetos e criar conexões ricas que podem te abrir muitas portas.
“A dor sempre começa com aquilo que você tem uma dor. Dedicando um pouco mais do seu tempo, você consegue montar um MVP no-code. Não está mais fácil, mas está mais simples”.
Para Alex, estar dentro da comunidade tem sido essencial para evoluir seu projeto. Há conteúdo de muito valor – muitas ideias, e muitos aprendizados práticos sobre desenvolvimento e campanhas.
“O downside de empreender é que é um mundo muito solitário. Trabalho sozinho, estudo sozinho, etc. Então, é importante fazer parte de uma comunidade (ainda mais presencial). Quero contato com gente, quero networking, quero estar mais perto de pessoas que pensam e são profissionais”.
O conselho que Alex daria a ele mesmo quando começou
“Valide! Quando lancei meu primeiro projeto, lancei porque era minha dor, mas não validei com outras pessoas. Deveria ter ficado, em vez de 3 meses desenvolvendo, 3 meses validando e conversando com possíveis pessoas que têm a mesma dor. Teria feito o meu primeiro Micro-SaaS diferente, porque teria feito a solução dos outros e não só com as minhas e com o que eu “queria ter”.”.