Conheça os três perfis de empreendedores de Micro-SaaS no Brasil, e entenda quais são os três tipos de Micro Private Equity.
Bruno Okamoto
9 Min de leitura
O perfil dos empreendedores de Micro-SaaS no mercado brasileiro

Mercado brasileiro de Micro-SaaS

Quais os perfis dos empreendedores deste mercado?

Até o momento, tive a oportunidade de conversar com bastante gente sobre o tema e montei 3 personas que acredito serem o perfil por trás destes empreendimentos.

1. O desenvolvedor Indie

Essa comunidade se encontra dentro de grupos do facebook, como Vivendo de SaaS ou no telegram como o grupo do Indie Hackers.

Esse desenvolvedor está buscando ter uma fonte de renda com seu trabalho. Ele tem um backlog cheio de ideias e projetos, e as vezes puxa um ou outro para desenvolver e conseguir seus primeiros clientes. O foco é sempre construir receita recorrente “passiva”.

Quando ele não consegue crescer o projeto:

  • Deixar ele em standby no Github
  • Se une com outros desenvolvedores para se ajudar.
  • Faz cursos e tenta aprender sobre SEO e marketing geral
  • O projeto crescer e ele se torna a renda principal do desenvolvedor.

Agora… quando consegue crescer…

Quando o projeto cresce e o empreendedor acha o famoso “problem solution fit normalmente ele acaba ou saindo do trabalho atual ou buscando ajuda da própria comunidade para crescer seu projeto, fazendo cursos e parcerias estratégicas. Alguns, vão além. Transforma esse processo de montar e vender empresa em uma esteira. Ou montam mais 5 projetos porque tem um pagando toda operação.

2. O empreendedor early-stage

Empreendedores (em sua maioria desenvolvedor) que montou sua startup. As vezes solo, as vezes tem um sócio. Esse sócio nem sempre está “full-time” na empresa. Estão normalmente em fase de validação de mercado e produto. A jornada é quase sempre assim:

  • de 0 a R$ 1.000: muito esforço e noites sem dormir para conseguir os primeiros clientes. Os empreendedores estão com sangue no olho nesta etapa.
  • de R$ 1.000 – R$ 5.000: empreendedores já conseguem ter uma clareza do produto, do perfil dos clientes e das métricas. Conseguem entender o que faz sentido ou não.
  • De R$ 5.000 – R$ 10.000: já acharam um canal, estão estressando ele para aprender o que funciona e não. Tentando descobrir como otimizar custo vs conversão.
  • de R$ 10.000 – R$ 20.000: crescimento, crescimento, crescimento. O foco está em aproveitar este canal, entrevistar, feedbacks e melhorar sempre que possível o produto.

O que acontece nessa jornada que leva o empreendedor a se desmotivar e ou descontinuar o projeto:

  • O tempo de um estágio para outro acaba sendo muito longo. Na EUNERD, demorei 3 anos para chegar em R$ 15k
  • Acaba o dinheiro. Nem todos tem as mesmas oportunidades. Alguns empreendedores precisam se capitalizar mais que outros. Isso faz com que ele saia do projeto para arranjar um “emprego”.
  • Não conseguem levantar investimento. Por qualquer que seja o motivo, as vezes até conseguem alguns anjos mas não é o suficiente para se qualificar perante um fundo. Lembrando que apenas 21% das startups no Brasil conseguem Seed e 1% Series A (fonte: abstartups).
  • O empreendedor achou que em 1 ou 2 anos iria ter um unicórnio. Suas expectativas estavam muito altas (e não é culpa dele) e isso o frustou ..

3. A startup ligeira

Esta persona, acabei encontrando por acidente no mercado. Para ser sincero, acho que fazem parte de uma minoria. Normalmente a pequena empresa está focada em crescer e se consolidar no mercado. Em 99% das vezes, o caminho acaba sendo com foco em orgânico/pago mas em alguns poucos casos essas empresas optam por fazer micro aquisições de outras empresas.

Muitas vezes o interesse é: na base de clientes, nos empreendedores ou a ferramenta tem uma “funcionalidade ou outra” que complementa.

Uma nota sobre um quarto perfil: Os empreendedores não técnicos, sem experiência com tecnologia e que vão aprender a desenvolver ferramentas nocode. Não achei muita informação sobre esse público no mercado mas vale um estudo. Acredito ter muita gente aqui. Curiosos e executores que saem construindo.

Os Micro Private Equity

Estes já falei bastante. Mas a verdade, é que estão surgindo dezenas de novos. A minha tese, é que empreendedores experientes de vez montar uma empresa e por todos ovos em uma cesta, estão optando por comprar vários Micro-SaaS para ter um “pool” de MRR e crescer ele lentamente.

No Brasil não vi ninguém falando ou fazendo isso, mas com certeza deve existir. Só preciso procurar melhor. Se você conhecer alguém, me avisa ok? Adoraria entrevistá-lo(a).

O perfil dos Micro Private Equity podem ser quebrados em 3 categorias:

  • Os MPE’s focados em Micro-SaaS até 150k ARR: Xo.Capital
  • Os MPE’s focados entre 150k e 300k ARR: The MicroAngel Investment Thesis
  • Os MPE’s focados em Small SaaS entre 500K e 15M ARR: SaaS.Group

Você pode ler mais sobre eles no meu Playbook na sessão BENCHMARKS.

Os marketplaces

Super aquecido. A MicroAcquire está bombando🔥.

Grande parte desse sucesso se dá ao meu entender por 3 motivos: Timing, cauda longa e porque o Andrew é um puta marqueteiro.

Quem são os compradores? Os que identifiquei até o momento:

  • Pequenas empresas comprando micro empresas
  • Devs indies vendendo e comprando entre eles
  • Micros Private Equity firms
  • Agências de marketing

Será que tem espaço para um MicroAcquire no Brasil?

Ainda tenho muitas dúvidas sobre o mercado e o timing mas de uma coisa eu sei: por ano surgem cerca de 46 mil novos desenvolvedores por ano (fonte: cnn), e atualmente são 14 mil startups (fonte: abstartups) e dessas apenas 21% conseguem pegar um investimento de seed round e 1% um Series A.

Que existe mercado existe. Mas será que existem compradores? Será que o processo de M&A pode ser tão simples quanto é lá fora? Será que a burrocracia pode ser automatizada? Será que existem empresas o suficiente para equilibrar oferta/demanda?

Minhas principais dúvidas na verdade, são:

  1. Onde estão as startups early-stage que querem vender sua empresa? Consegue trazer novas oportunidades todo mês?
  2. Onde estão os compradores de startups early-stage? Quem seriam?
  3. Como transformar o processo de M&A de uma micro startup em algo de prateleira com tanta “burrocracia” no Brasil?

Algumas coisas que eu sei

  • A moda de crescimento a qualquer custo vai continuar em alta, porém muito empreendedor experiente está buscando menos dependência financeira de investidor e mais liberdade alinhada a qualidade de vida.
  • Os marketplaces de M&A vão bombar – existe um oceano azul que as empresas e consultorias não fazem aquisições. Normalmente empresas abaixo de 15M são muito difíceis de vender por serem “pequenas”.
  • Com o avanço da tecnologia no-code, muito empreendedor vai começar a testar MVP e tentar vender dentro desses marketplaces. Prevejo muita solução de cauda longa surgindo no-code.
  • Empreendedores se juntarão em oferta coletiva para comprar vários Micro-SaaS para investir no crescimento de produtos que tragam receita recorrente com boa margem. No final, de 0 a 1 é mais difícil do que de 1 a 2. Micro Private Equity vai começar a bombar.
  • Quando surgirem oportunidades para empreendedores early-stage venderem sua startup e o carimbo de “exit” não se tornar algo só para os gigantes, muitas portas se abrirão e um novo público vai surgir. Assim como foi o crowdfunding que está tomando cada ano mais força.

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