O poder do Micro-SaaS White Label: o caso de Felipe Martins, do Funil Online
O estudo de caso de hoje é um de vários que pretendo trazer sobre Micro-SaaS white label.
Se você não sabe o que são projetos white label, trata-se, basicamente, de usar o software de um terceiro com sua marca e logo.
Em poucas palavras, esse formato permite que você foque menos no desenvolvimento, e mais em gerar valor para os seus clientes.
Nada melhor do que um estudo de caso para ilustrar o white label na prática.
O empreendedor: Felipe Martins
Mineiro, pai de dois, e casado, Felipe Martins é marketeiro e trabalha com mídia e publicidade online há mais de 14 anos. Já está há um bom tempo trabalhando com marketing digital, e entende que ser empreendedor é um grande desafio da vida adulta.
“Ser empreendedor e ser pai são os maiores desafios da vida adulta.”
Na sua bagagem, Felipe já atuou em diversas áreas do marketing digital, prestando serviços, e também como infoprodutor, construindo comunidades e infoprodutos.
Atualmente, é dono de uma agência de marketing, e trabalha com um time composto por 4 pessoas: Felipe, um gestor de tráfego, um designer, e um comercial. Os serviços que sua agência oferece têm foco na geração de leads e em tráfego pago.
Essa agência é, hoje, a principal fonte de renda de Felipe.
Entrada no mundo dos Micro-SaaS
Em 2024, Felipe conheceu o termo Micro-SaaS através de um vídeo no meu canal do Youtube e, desde então, sua visão empreendedora mudou muito.
A ideia de pulverizar sua renda com base em outros produtos, sem que dependa de uma única empresa para viver, explodiu sua cabeça.
“Vou pulverizar minha renda com vários pequenos produtos que possam me gerar uma renda mais recorrente, sem que eu precise dar meu sangue, como é preciso no marketing digital.”
A virada de chave para Felipe aconteceu quando, certo dia, estava correndo na esteira, e descobriu o no-code através de um podcast chamado “Projeto SaaS”. Foi ouvindo esse podcast que o empreendedor conheceu o Renato Asse, e descobriu as possibilidades de criar um Micro-SaaS no-code.
“Qualquer pessoa pode desenvolver um app no-code sem nunca ter programado uma linha de código. No mesmo dia que descobri isso, comprei o curso do Renato Asse.”
Foi assim que Felipe entrou nesse mundo do Micro-SaaS e decidiu, finalmente, aprender no-code.
Sua ideia de começar partiu da premissa de que, sendo dono de uma agência de marketing, poderia dar o start criando produtos para resolver as suas próprias dores.
Então, teve a ideia de criar um software para resolver alguns problemas que já identificava na sua empresa – problemas que, como já sabia, eram problemas que outros donos de agências também têm.
Assim nasceu o seu Micro-SaaS…
O Micro-SaaS: Funil Online
A verdade é que Felipe, antes disso, nunca tinha desenvolvido um software na vida.
A história é mais ou menos assim:
- No dia 14/01, Felipe comprou o curso do Renato Asse;
- No dia 14/02, exatamente um mês depois, Felipe já tinha 80% do seu MVP (Produto mínimo viável) pronto;
- No dia 14/03, exatamente dois meses depois, Felipe já tinha de 15 a 20 pessoas testando o seu MVP;
- Em 14/04, exatamente três meses depois, Felipe fez o seu lançamento oficial.
Assim surgiu o Funil Online, Micro-SaaS criado por Felipe, que é uma ferramenta no-code feita com Bubble.
Seu primeiro dia de vendas.
É isso mesmo. Em três meses, Felipe aprendeu a criar um Micro-SaaS, desenvolveu seu produto, e colocou pra jogo!
“Foi tudo muito rápido e inusitado. Eu montei algo para resolver meu problema, mas, não imaginei que todo mundo iria querer usar.”
De onde surgiu a ideia
Nessa “curta” trajetória, Felipe descobriu que os CRM’s (Customer Relationship Management) do mercado são muito genéricos, sem direcionamento para empresas como agências de marketing. Aí se encontrava uma das dores dos donos de agências, e também a dor de Felipe.
Coçando a própria coceira
Foi pensando nisso que ele projetou um produto que tivesse foco em agências de marketing e, mais especificamente, em agências que trabalham com gestão e geração de leads.
Dentro da sua ferramenta, Felipe pensou em uma forma de “entrega de resultado” por parte dos marketeiros, que, usualmente, entregam seus resultados em planilhas do Excel, PowerBi, e até mesmo Trello.
“Preciso blindar o dono da agência sobre os resultados que ele gera. Uma das dores de agências é entregar as ferramentas e resultados de forma profissional para que não criem discussões ou falta de credibilidade no trabalho das agências.”
Foi assim que seu produto conquistou, de cara, 35 assinaturas de clientes, já no lançamento.
É claro, a formação de marketeiro ajudou bastante Felipe, mas, ele sabia que seu produto estava resolvendo uma dor latente das agências.
Fato é que, mesmo com sucesso na arrancada, nem tudo são flores… e Felipe começou por receber vários feedbacks dos clientes e ter vários churns.
Ele ainda não tinha achado o seu cliente ideal, e a sua proposta de valor não estava clara. Os seus clientes não estavam conseguindo entender que seu CRM não era igual aos outros do mercado… ele tinha um diferencial.
Felipe se via no impasse: como mostrar isso para o cliente?
De nada adiantava que ele tivesse vários clientes se, enquanto uns entravam, outros saíam.
O modelo white label
Felipe começou a receber muitos feedbacks de seu produto. Inclusive, uma das perguntas que sempre aparecia era se ele não venderia um white label do sistema.
É claro que, em um primeiro momento, a resposta mais óbvio para o empreendedor era: “claro que não, não vou fazer um white label”. Afinal, a ideia de Felipe era, prioritariamente, crescer a sua marca.
Mas… já ouviu falar plot twist? Nada melhor do que essa história para exemplificar. Felipe decidiu, enfim, depois de tanto insistirem, em fazer uma versão white label do seu CRM.
Sua ideia não foi vender o código, mas, sim, criar um versão do zero para que o cliente pudesse personalizar o domínio, a marca, a logo, usando o sistema com todas as ferramentas que oferecia.
E essa mudança foi, surpreendentemente, o divisor de águas nas vendas do seu produto. Muitas agências começaram a comprar e usar o sistema de Felipe.
“Quando mudei, a curva praticamente verticalizou, de tantas vendas.”
O valor do equity
Depois de meses afinando a versão white label para se tornar um sucesso de vendas, um dos assinantes do Funil Online procurou Felipe demonstrando interesse na compra do produto.
Na incerteza da venda, Felipe ficou mais de dois meses conversando com o cliente, que insistia em querer comprar o Micro-SaaS. Este empreendedor era uma pessoa conhecida, e estava disposta a trabalhar full-time no projeto ao lado de Felipe.
Não apenas pela grana, mas, pela ideia de ter uma pessoa boa trabalhando junto, Felipe decidiu, finalmente, vender 49% do seu negócio para esse cliente, que adquiriu essa parte por R$ 75k.
Essa venda foi super importante por dois motivos:
- Injeção de caixa no negócio;
- Novo sócio no projeto.
E com a entrada desse novo sócio, o negócio vem crescendo gradativamente, mês a mês.
Situação atual e desafios
Atualmente, o Funil Online está com R$ 9k de MRR, subindo todos os dias. A ferramenta está completa, e tem várias API’s pugladas para que os usuários possam subir seus próprios dados, personalizando a ferramenta.
O maior desafio de Felipe e seu sócio, hoje, é gerenciar tempo para a ferramenta, considerando que precisam lidar com suporte, vendas e relacionamento com agências. O projeto está em um momento bem desafiador.
Esta fase é a famosa etapa da Tração.
O produto já tem fit com o canal e o público-alvo. O negócio agora é ir melhorando o core business do Micro-SaaS, e aos poucos ir crescendo.
Com essa experiência, Felipe deixou algumas lições sobre o white label.
- O white label é um filho que não dá tanto trabalho
Você constrói uma vez, faz onboarding, e depois o cliente segue sozinho. O suporte é baixo.
- Quem resolve os problemas de manutenção é o desenvolvedor
É uma ótima opção para quem compra, pois quem cuida dos bugs e de desenvolver novas funcionalidades é sempre o vendedor. Dessa forma, o comprador não precisa ter um time de desenvolvimento.
- O modelo de white label “segura” os clientes
Isso acontece porque esses usuários têm outros clientes dentro do seu CRM. Isso faz com que o churn seja baixíssimo.
- Os clientes pagam em dia
Como os clientes usam sua ferramenta white label para ganhar dinheiro, se eles atrasarem, eles perdem acesso à plataforma, afetando todos os clientes.
São raro os casos de atrasos. Ninguém quer deixar seus clientes na mão.
- Como as pessoas criam negócios em cima do sistema, isso faz com que a fidelidade do cliente seja aumentada.
A relação e o compromisso acabam aumentando, também, uma vez que as pessoas zelam pelo sistema como seu fosse seu.
- A adesão é alta, e o “boca a boca” funciona bem
O mercado começa a ver bastante valor na solução, e o boca a boca corre rapidamente no mercado de agências. A maior parte dos clientes vem de indicação.
- É possível vender como seu fosse uma franquia
É possível, até, por um setup fee. A realidade é que as pessoas tratam os seus negócios white label como uma mini franquia digital.
Na visão do Felipe, as pessoas não deveriam construir os próximos Ifoods, mas, sim, vender sistemas para quem quer ser empreendedor mas não tem R$ 200k para pagar em uma franquia.
Como tudo na vida, o white label também tem seus downsides. Felipe destaca alguns:
- Muitos clientes pedem features diferentes
Nem sempre dá para atender a todos, e isso gera muita frustração em alguns clientes de maior porte, além do fato de que todos quererem “pagar a mais” para ter mais customização. Isso tira o foco do negócio, e pode acabar virando uma software house.
- O white label envolve muita responsabilidade
Por exemplo, sem alguma API ou o servidor caem, isso afeta muitas pessoas. Então, precisa estar tudo muito bem amarrado. Não dá para fazer gambiarra e ir consertando no futuro.