A habilidade do futuro: transformar ideias em negócios.
Bruno Okamoto
15 Min de leitura

Os inovadores digitais

Leonardo da Vinci era um renascentista conhecido por suas contribuições em vários campos da história, como arte, ciência, engenharia, medicina, arquitetura, entre outros.

Ele não é somente conhecido pela Mona Lisa ou pela Última Ceia, mas, também, por ser um grande inventor e visionário. Suas contribuições para a ciência foram várias, desde pequenos aparatos para o homem respirar debaixo da água, até a máquina de guerra, aviões e ferramentas de todos tipos.

Até hoje o trabalho do Da Vinci tem extra importância na ciência, na engenharia e, claro, na arte. O que ele demostrou, certamente, foi uma capacidade de construir produtos a partir de ideias. Essa habilidade sempre me intrigou muito. Como se tornar um validador de ideias? Como ter visão de negócios?

O poder da validação 

Se você parar para pensar, a única forma de validar uma ideia, na época de Da Vinci, era através de muitos estudos e tentativas. Não era simples criar algo, quando mal existia material, fornecedores, ou não havia ninguém com experiência no tema para ajudar.

É até bizarro pensar que, para ele construir tudo o que ele fez, precisou produzir grande parte dos materiais e adaptar todos os detalhes de cada peça para as coisas funcionarem.

Essa capacidade de validar uma ideia, na minha visão, é uma das habilidades mais importantes que um empreendedor deve ter.

Em um momento em que a Inteligência Artificial está proliferando, e cada vez mais os processos estão sendo automatizados, a tendência é de que a tecnologia se torne mais e mais acessível para todo mundo – sendo menor, portanto, a barreira de entrada.

O que antes levava anos para ser crido e custava muito dinheiro, agora é acessível através de milhares de ferramentas digitais.

E se você pensar, hoje, na internet, temos acesso a todas as informações necessárias para aprender qualquer coisa, e agora, mais do que nunca, estamos todos conectados. Você pode, literalmente, lançar um negócio para vender na China dentro da sua garagem, com quase zero de investimento.

A habilidade do futuro: transformar ideias em negócios

Veja, cada negócio que você constrói tem uma peculiaridade. Seja no modelo, no produto, no mercado, e assim por diante. Dito isso, como você se torna um expert em analisar projetos e ideias de diferentes perspectivas?

Essa habilidade não se desenvolve da noite para o dia, e também está muito relacionada a sua curiosidade e ao desejo de entender o mundo através de diferentes perspectivas.

Essa habilidade permite você traduzir bloco de informações incertas em dados, e com esses dados montar um quebra-cabeça.

Validar uma ideia não se trata simplesmente de construir um produto que o mercado quer, mas, também, de desenvolver uma capacidade de analisar, mensurar e executar rápido, com pouco ou quase nenhum recurso.

Independentemente de você trabalhar como um empreendedor ou um intraempreendedor, a habilidade artística de transformar ideias em produtos e em negócios é uma das poucas habilidades difíceis de achar no mercado – e, consecutivamente, uma alta demanda por esse perfil de empreendedor.

É claro, que você pode se especializar em diversos frameworks de validação, mas, sinceramente, não é uma questão de “como” ou “o que” fazer, mas, uma questão mais de “por que” – “por que eu quero resolver este problema?”.

Seguem algumas reflexões a respeito de quais habilidades, na minha opinião, um empreendedor deve trabalhar para se tornar um inovador.

Habilidades dos inovadores

  1. Capacidade de questionar tudo e a todos. Estar sempre próximo do negócio como um todo. Dos clientes, fornecedores e do time.
  2. Ser fascinado por resolver problemas. Problemas mudam todos os dias, as soluções também. O inovador está sempre buscando construir.
  3. Visão 360 de uma ideia ou negócio. Ter a capacidade de olhar um negócio e entender através de diversas perspectivas e reflexões, sabendo fazer as perguntas certas sobre o negócio.
    1. Exemplo: quem compra este produto? Por que compra? com qual frequência? como resolvem o problema atualmente? por qual canal eu consigo alcançar essas pessoas? será que essa dor é recorrente?
  4. Foco 100% na experiência dos clientes. O inovador não se baseia no que ele acha, mas no que o mercado pede. E vive constantemente melhorando essa experiência para os clientes.
  5. Experiência em modelagem de negócios. Conhecer os modelos de negócios, modelos de precificação e frameworks de validação de negócios.
  6. Compreensão dos canais de aquisição, como funcionam e quais funcionam para cada tipo de público e mercado. Não precisa saber operar os canais, mas ter uma compreensão de como funcionam para fazer testes.
  7. Capacidade de perceber a proposta de valor por trás dos negócios e dos produtos. As pessoas não compram somente porque é bonito ou mais barato.
  8. Compreensão de viabilidade e riscos. Um bom empreendedor sabe que montar um negócio B2C que serve “para qualquer pessoa que tenha um smartphone” vendendo assinaturas de 9 reais por mês é furada. É imprescindível uma estrutura de negócios que valem a pena investir tempo, e negócios que não fazem sentido (foto abaixo).
  9. Ser um empreendedor generalista é crucial. O desafio nunca é construir, mas entender quais são as peças, como cada uma se encaixa e qual o timing certo para executar.
  10. Comunicação efetiva é essencial para qualquer negócio. Saber se comunicar com os seus clientes, fornecedores, colegas e funcionários é essencial. Sua visão é o que move as pessoas para um propósito em comum.
  11. Capacidade de adaptação, ou, como dizem, “ter a cabeça aberta”, é crucial para esse profissional, também.
  12. Saber construir comunidades digitais. Eis uma das habilidades mais relevantes do século XXI. Unir pessoas por um propósito e criar uma geração de valor mútua.

Resumo da minha checklist com +30 itens. Versão completa disponível no meu curso.

Mas, Bruno, como desenvolver essas habilidades?

Eis uma ótima pergunta.

Durante minha jornada, passei por duas experiências que me trouxeram uma grande bagagem.

  1. Aprendi me ferrando.

Eu tive a oportunidade de testar muita coisa na EUNERD (por bem, ou por mal). Demorei 4 anos para validar nosso modelo de negócio e encontrar o “problem-solution fit”.

Testei B2C, B2B2C e, quando finalmente fui para B2B, testei desde micro negócios até grandes corporações (corporates). De certa forma, reinventamos a EUNERD mais de 4 vezes, até achar algo que parasse em pé.

Nesse processo, devo ter gastado cerca de R$ 500 à R$ 700 mil reais através de pequenas captações de investimento, as quais, no fim do dia, mais atrapalharam do que ajudaram. Isso porque eu sempre tive a ilusão de que o problema do crescimento era atrelado à falta de capital.

  1. Aprendi vendo os outros se ferrarem.

Além dessa experiência de pivotar meu negócio múltiplas vezes e gastar muita grana, eu também sempre atuei como mentor de aceleradoras de Startups e como professor. Sempre tive uma paixão muito grande por ensinar outros empreendedores a lançar seus negócios.

Na realidade, esse foi um dos maiores prazeres que eu encontrei na minha jornada empreendedora. Poder passar adiante as merdas que eu aprendo, ajuda com que outros empreendedores façam menos merda.

Porque empreender já é difícil para caramba, e é uma baita atividade solitária. Então, se não nos ajudarmos, quem vai nos ajudar?

Durante esses anos, eu participava de 50 a 80 lançamentos de Startups por ano. Sempre acompanhando os projetos, entendendo o que dava certo e o que não dava… e foi uma das épocas de maior aprendizado de negócios que tive.

No fim das contas, estar perto de outros empreendedores e compartilhar dores é uma das melhores formas de aprender sobre negócios do mundo. Não concorda?

  1. Participei de dezenas de programas de aceleração.

E como empreendedor, também tive a oportunidade de participar de vários programas de aceleração, como 500 Startups, Google for Startups, Scale-up da Endeavor, Aceleração da ACE, entre vários outros.

Minha Startup em 2015, em uma das primeiras aceleradoras do Brasil, hoje conhecida como ACE.

Foram alguns bons anos estudando com outros empreendedores, em diversos programas e frameworks para entender sobre o assunto.

Podemos dizer, então, que se tornar um empreendedor valioso, nos tempos modernos, significa dar cara a tapa e sair da zona de conforto.

Na minha visão, esse é um dos principais motivos por conta dos quais eu falo tanto que todo mundo deveria ter um side-project em paralelo às suas atividades principais. Porque existem coisas que você só aprende dando a cara a tapa.

Eu aprendi que…

Ter a capacidade de construir conteúdo, com uma visão analítica e bastante experiência em modelagem de negócios alinhado a uma curiosidade “infinita”, me trouxe ferramentas superpoderosas para ampliar minha experiência e gerar valor para mais pessoas.

Depois de 12 anos empreendendo – agora, com 35 anos, posso dizer que acredito ter todas as ferramentas que eu preciso para construir vários negócios diferentes, além de ajudar outros empreendedores a atingirem esse objetivo. Seja uma ideia própria, uma comunidade ou múltiplos negócios. Mas, nem sempre foi assim. A jornada foi longa para chegar até aqui.

Então, se você quer se tornar um inovador, na minha opinião, existem apenas dois caminhos: ou você constrói o seu negócio e aprende por A mais B como fazer todo o processo de validação, ou você faz parte da minha comunidade e aprende todo o meu framework de validação, que pode ser aplicado para qualquer negócio.

Meu framework

Neste framework, eu montei uma estrutura pensando em validação de qualquer negócio digital, seja um SaaS, um marketplace, ou simplesmente um e-commerce inovador.

Não estou aqui vendendo curso. Estou te falando a real, mesmo. Existe um framework bem simples para validar ideias sobre o qual eu falo bastante em todos meus canais.

  1. Público-alvo
  2. Proposta de valor
  3. Modelo de negócio
  4. Canal de distribuição

Se você consegue montar esse quebra-cabeça, você consegue literalmente tirar qualquer ideia do papel. Você raramente vai ter resposta para os 4 pontos, mas, seu objetivo é descobrir ao menos 3 deles.

Por isso, eu reforço tanto a importância de fazer um bom Discovery, na prática, e investir mais tempo quebrando a cabeça falando com clientes do que criando “assunções” de coisas que funcionam ou não.

A maior arma dos visionários digitais

E, para concluir, a maior arma que eu vejo dos inovadores, além da experiência prática, é o canal de distribuição, ou seja, a produção de conteúdo.

Se você une experiência prática e ensina outras pessoas com a sua experiência, mostrando a vida real, mesmo, sem purpurinas e glamour, as pessoas criam muita empatia com você, o que acaba abrindo muitas portas.

Através da produção de conteúdo, você consegue construir dados, unir pessoas, e ter sua voz ampliada mundo afora. 

O desafio do Da Vinci é que ele não tinha uma voz ampliada, e suas obras demoraram muitos anos para serem reconhecidas. Talvez, se ele tivesse um Youtube, na época, as coisas seriam diferentes (rs).

leonardo da vinci talking inside a youtube channel

Os visionários têm muito para falar, e poucas pessoas os escutam. Obtenha resultados com seus negócios, começando pequeno. Produza conteúdo, e sua voz e visão se ampliarão mundo afora, e você se tornará um profissional de ouro.

“Mas, eu trabalho em uma empresa como CLT. Não fico confortável em produzir conteúdo.”

Produzir conteúdo não prejudica em nada seu trabalho. A maior parte dos criadores de conteúdo produzem conteúdo em paralelo à sua atividade principal.

Estamos vivendo na melhor era da internet, do mundo.

A tecnologia está acessível, e cada vez mais barata. Não aceite o status-quo como ele é. Saia da zona de conforto e seja um inovador.

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