Algumas ideias de mercados para você explorar.
Bruno Okamoto
9 Min de leitura

Serviço como Micro-SaaS – Serviço Produtizado

Esta edição vai ser um pouco diferente porque a reflexão que traz envolve muito mais do que o termo micro ou SaaS. A ideia deste artigo é fazer uma provocação para vocês sobre o objetivo de construir um micro negócio, e não necessariamente um SaaS.

Vamos começar relembrando de forma resumida o conceito de Micro-SaaS que escrevi em outro artigo.

  • Nasce para ser pequeno, por natureza;
  • Atua em um mercado de nicho, e o tamanho do mercado não é tão relevante;
  • Tende a ser um produto mais “self-service” – em que os clientes compram a assinatura sem a dependência de um vendedor ou do fundador. Produtos PLG (Product Led Growth) estão ficando mais comuns;
  • Tem custos sempre enxutos, e margem alta (75%+)
  • Seu crescimento é atrelado a canais pagos, no curto prazo, e orgânicos, no médio/longo prazo, mas, raramente ao processo de outbound;
  • Conta com o uso frequente de serviços compartilhados (freelancers).

A diferença de um Micro-SaaS e de um SaaS está no mindset do empreendedor. Enquanto um empreendedor de SaaS eventualmente vai crescer seu negócio, um MicroSaaS nasce para ser micro para sempre.

Então, se tirarmos o zoom no conceito da palavra e focarmos no mindset empreendedor, podemos concluir que quem quer montar um Micro-SaaS busca montar um lifestyle business. Ou seja, montar um negócio que gere renda para você, sem depender de investidores ou da busca por um crescimento agressivo ao a ano, mas que proporcione uma estabilidade financeira e emocional.

Seguindo essa linha de raciocínio sobre lifestyle business, segundo o IBRE/FGV, o setor de serviço representa mais de 70% do PIB brasileiro, ou seja, nosso país é basicamente movido por serviços. Então, é clara a oportunidade de nichos, por exemplo, analógicos que podem ser digitalizados, ou oportunidades de transferir um trabalho manual de um determinado serviço para um bot ou uma automação.

Vamos falar sobre os prós e os contras do modelo e mercado

  • Culturalmente falando, o brasileiro já consome serviços de forma recorrente. Isso implicar na existência de oportunidades tanto para consumo (sem necessidade de educar mercado) quanto para recorrência.
  • Produtizar serviços é relativamente fácil de fazer e validar, já que você não precisa construir um software para testar sua hipótese.
  • O custo de aquisição de clientes é relativamente menor, já que você não está inventando a roda e tem uma clareza do hábito de consumo dos consumidores.
  • Já existem centenas de comunidades online como grupos de Facebook ou Whatsapp com pessoas ao redor do serviço. Fica mais fácil achar os primeiros leads.
  • Vários serviços no Brasil ainda não têm tecnologia muito desenvolvida, ou têm muitos processos manuais, ou ainda não encontraram um modelo de ter recorrência. Isso significa que ainda existem vários nichos a serem explorados.
  • Comprar serviços no Brasil ainda é complexo.
  • Serviços produtizados são mais escaláveis e têm ciclo de vendas menores.

Ou seja, existem muitas oportunidades, além do fato de de que serviços com escopo claro e um cronograma bem definido passam muito mais organização e profissionalismo. E a tecnologia tem esse papel.

“Freelancers são como chefs que cozinham tudo para todo mundo. Serviços produtizados são como restaurantes com um menu.”

Alguns exemplos de modelo de negócio que você talvez não conheça

  • SaaS enable marketplace (vende um SaaS como principal, e serviços embutidos)

Esse exemplo é bem mais comum do que vocês imaginam. Hoje em dia, existem várias empresas que vendem um SaaS com um marketplace embutido. Isso permite ter a recorrência do SaaS, além de ter outras fontes de receita advindas de serviços como proposta de valor embutida. Isso também é conhecido como economia circular, bem comum no mundo do PAAS (produtos como serviço – como por exemplo, um hardware que tem um serviço embutido).

  • Agências de marketing, design, etc.

Serviços “commoditizados” também estão sendo explorados aos montes. Para as agências, faz todo sentido cobrar uma mensalidade por um escopo de serviço mês a mês, porque a demanda dos clientes costuma ser recorrente. E, culturalmente falando, as pessoas estão cada vez menos interessadas em contratar por hora.

A ideia não é comparar se um serviço produtizado é ou não é um Micro-SaaS, mas sim mostrar as oportunidades no mercado.

Rápida pesquisa feita com a Comunidade de Micro-SaaS.

É justamente por isso que comento no início deste artigo que, para essa ótica de produtizar serviços, devemos olhá-la com o mindset de ser um lifestyle business, de ser um negócio que tem o mesmo objetivo do Micro-SaaS, que no final do dia é: gerar receita recorrente com baixo esforço operacional e de manutenção.

Reflexão sobre o tema

Supersend é uma ferramenta de prospecção (outbound) que foi construída para atender uma empresa de serviço de prospeção (coldmail) para as empresas. O software inicialmente surgiu para automatizar uma demanda interna, mas, logo foi visto como uma oportunidade para trazer uma nova fonte de receita.

A prospecção de uma empresa de serviço de prospecção tem grande parte do dia a dia automatizado, porém, é necessário que haja uma interface manual em várias etapas do processo que ainda não podem ser automatizadas.

Nesse caso, se olharmos com a ótica de montar um pequeno negócio de baixa manutenção e esforço, teoricamente, esse modelo ainda se encaixa. Isso porque grande parte do trabalho da pessoa é automatizado e, inclusive, pode ser terceirizado, ou seja, também não demanda funcionários e ainda tem a oportunidade de expandir a receita dentro do quadro de clientes. É o famoso conceito de vendas Land & Expand.

Assim como este exemplo, existem vários outros mercados que tem essa necessidade e oportunidade de produtizar serviços embutidos.

Moral da história: Empresas de SaaS cada vez mais vão ofertar serviços embutidos.

Conclusão

Micro-SaaS = Montar pequenos negócios calmos que tragam receita recorrente com baixo esforço e manutenção.

Lifestyle business = Montar um negócio calmo com o qual você não precise se preocupar sobre escalabilidade ou fundos de investimento. É um negócio para você.

Debate da comunidade sobre o tema

O grande objetivo de construir um Micro-SaaS é ter receita recorrente com baixo esforço operacional. E a diferença de um Micro-SaaS e um pequeno SaaS é o mindset do empreendedor. Então, construir uma empresa de serviço e automatizá-la te leva para o mesmo objetivo de ter um Micro-SaaS – que no fundo é o seu mindset do tipo de negócio que você quer construir.

O segredo está sempre no nicho e no que você se propõe a resolver para ele – seja um produto, uma automação de processo, um marketplace ou o que for. Construa um negócio para você, trate ele como um laboratório, e aos poucos cresça seu negócio e ganhe uma renda adicional 🙂

Mercados que podem ter serviços produtizados em alta (em inglês)

Exemplos: Edição de vídeo, gerenciamento de social midias, design gráfico, geração de conteúdo, suporte, contabilidade, assistente virtual, e assim por diante.

Compartilhe este artigo